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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Do ponto de vista <strong>da</strong> historiografia africana, a multiplicação <strong>da</strong>s novas<br />

universi<strong>da</strong>des a partir de 1948 foi seguramente mais significativa que a<br />

existência dos raros estabelecimentos criados antes, mas que vegetavam por<br />

falta de recursos, tais como o Liberia College de Monróvia e do Fourah Bay<br />

College de Serra Leoa, fun<strong>da</strong>dos respectivamente em 1864 e 1876.<br />

Por outro lado, as nove universi<strong>da</strong>des que existiam na <strong>África</strong> do Sul em 1940<br />

eram prejudica<strong>da</strong>s pela política segregacionista do regime de Pretória: tanto a<br />

pesquisa histórica quanto o ensino eram eurocentristas, e a história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

não passava <strong>da</strong> história dos imigrantes brancos.<br />

To<strong>da</strong>s as novas universi<strong>da</strong>des, ao contrário, organizaram logo departamentos<br />

de história, o que, pela primeira vez, levou um número considerável de<br />

historiadores profissionais a trabalhar na <strong>África</strong>. Era inevitável, no início, que a<br />

maioria desses historiadores fosse proveniente de universi<strong>da</strong>des não -africanas.<br />

Mas a africanização sobreveio rapi<strong>da</strong>mente. O primeiro diretor africano de um<br />

departamento de história, o professor K. O. Dike, foi nomeado em 1956, em<br />

Ibadã. Formaram -se muitos estu<strong>da</strong>ntes africanos. Os professores africanos que<br />

se tornaram historiadores profissionais sentiram necessi<strong>da</strong>de de ampliar a parte<br />

reserva<strong>da</strong> à história <strong>da</strong> <strong>África</strong> em seus programas e, quando essa história fosse<br />

pouco conheci<strong>da</strong>, de incluí -la em suas pesquisas.<br />

A partir de 1948, a historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong> vai progressivamente se<br />

assemelhando à de qualquer outra parte do mundo. E evidente que ela possui<br />

problemas específicos, como a escassez relativa de fontes escritas para os<br />

períodos antigos e a consequente necessi<strong>da</strong>de de lançar mão de outras fontes<br />

como a tradição oral, a linguística ou a arqueologia. Mas, embora a historiografia<br />

africana tenha trazido importantes contribuições no que diz respeito ao uso<br />

e à interpretação dessas fontes, ela não se distingue fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>da</strong><br />

historiografia de certos países <strong>da</strong> América Latina, <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong> Europa que<br />

enfrentam problemas análogos. Aliás, o conhecimento <strong>da</strong> proveniência dos<br />

materiais não é essencial para o historiador, cuja tarefa fun<strong>da</strong>mental consiste em<br />

fazer deles uma utilização crítica e comparativa, de modo a criar uma descrição<br />

inteligente e significativa do passado. O importante é que, nos últimos 25 anos,<br />

equipes de universitários africanos vêm se dedicando ao ofício de historiador. O<br />

estudo <strong>da</strong> história africana constitui hoje uma ativi<strong>da</strong>de bem estabeleci<strong>da</strong>, a cargo<br />

de especialistas de alto nível. Seu desenvolvimento ulterior será assegurado pelos<br />

intercâmbios interafricanos e pelas relações entre as universi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>África</strong> e<br />

as de outras partes do mundo. Mas é preciso ressaltar que esta evolução positiva<br />

teria sido impossível sem o processo de libertação <strong>da</strong> <strong>África</strong> do jugo colonial: o<br />

levante armado de Ma<strong>da</strong>gáscar em 1947, a independência do Marrocos em 1955,<br />

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