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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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122 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

minucioso <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas e sistemas de governo na <strong>África</strong>, de modo<br />

que temos, já nessa época, uma série de fontes muito valiosas.<br />

Livros sobre a <strong>África</strong> e os africanos foram escritos por missionários,<br />

comerciantes, funcionários públicos, oficiais <strong>da</strong> marinha e do exército, cônsules,<br />

exploradores, viajantes, colonizadores e, alguns, por aventureiros e prisioneiros<br />

de guerra. Ca<strong>da</strong> qual tinha seus próprios interesses; assim sendo, os propósitos<br />

e abor<strong>da</strong>gens variam consideravelmente. As “narrativas de viajantes”, típicas de<br />

um certo gênero literário, estavam preocupa<strong>da</strong>s com um mundo desconhecido,<br />

exótico e estranho e deviam responder às exigências gerais de seus leitores. Essa<br />

inclinação pelo exótico e pela aventura, ornamenta<strong>da</strong> por opiniões mais ou<br />

menos fantásticas sobre os povos africanos, ou descrevendo com complacência os<br />

inúmeros perigos encontrados pelo heroico viajante, persistiu até o século XIX 67 .<br />

Os missionários dispensavam alguma atenção às religiões africanas, mas<br />

em sua maioria careciam <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de e boa vontade para compreendê -las, e<br />

estavam preocupados principalmente em expor seus “erros” e “barbarismo”; por<br />

outro lado, eles conheciam as línguas locais, estando, portanto, numa posição<br />

melhor que os outros para apreender a estrutura social. Às vezes demonstravam<br />

interesse pela história, passando então a coletar as tradições orais locais.<br />

No século XIX, a maior parte <strong>da</strong> literatura narrativa provém dos exploradores,<br />

que, de acordo com a tendência <strong>da</strong> época, tinham sua atenção volta<strong>da</strong> principalmente<br />

para a solução de grandes problemas geográficos, de modo que sua contribuição<br />

serviu mais para a geografia física que para o conhecimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de africana.<br />

“A maioria deles estava mais interessa<strong>da</strong> nas vias navegáveis do que nas vias <strong>da</strong><br />

cultura” 68 . E muitos, sendo cientistas naturais, careciam de senso histórico ou<br />

acreditavam no mito <strong>da</strong> ausência de história africana. Existem, evidentemente,<br />

exceções a essa regra, sendo a mais famosa a de Heinrich Barth.<br />

Por outro lado, surgiram, já no decorrer do século XVIII, certas histórias<br />

de Estados ou povos africanos, como The History of Dahomy (Londres, 1793),<br />

de Archibald Dalzel, que, num exame minucioso, revela -se como um panfleto<br />

antiabolicionista.<br />

Depois de mostrar algumas deficiências <strong>da</strong>s fontes narrativas europeias,<br />

podemos agora examinar seus aspectos mais positivos. Acima de tudo, elas nos<br />

fornecem a estrutura cronológica tão necessária na história <strong>da</strong> <strong>África</strong>, onde<br />

a <strong>da</strong>tação é um dos pontos mais fracos <strong>da</strong> tradição oral. Mesmo uma única<br />

<strong>da</strong>ta, <strong>da</strong><strong>da</strong> por um viajante ou outro autor, por exemplo, de seu encontro com<br />

67 Cf. agora ROTHBERG, R. 1971.<br />

68 MAZRUI, A. A. 1969.

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