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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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534 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

moderno. Entretanto, por volta do fim <strong>da</strong> fase acheulense, a evolução de Homo<br />

erectus para os primeiros tipos de Homo sapiens já estava em curso.<br />

A <strong>África</strong> foi um dos cenários <strong>da</strong> evolução do Homo erectus, a qual se<br />

fez acompanhar de um desenvolvimento cultural atestado pelas técnicas<br />

acheulenses de fabricação de utensílios e pelo modo de vi<strong>da</strong> mais eficiente<br />

que possivelmente permitiram. No entanto, as tradições culturais antigas (e<br />

provavelmente os tipos físicos mais primitivos) mantiveram -se ain<strong>da</strong>, durante<br />

certo tempo, ao lado <strong>da</strong>s novas tradições. O melhor exemplo desse fato é <strong>da</strong>do<br />

pelos sucessivos níveis de antigas margens de lagos em Olduvai, lugar onde<br />

utensílios distintos, olduvaienses e acheulenses, foram produzidos e usados<br />

simultaneamente por várias centenas de milênios, há cerca de 1 milhão de anos.<br />

O Acheulense compreende numerosos estágios e variações, mas, para propósitos<br />

mais genéricos, basta -nos a divisão principal entre o Acheulense Antigo, mais<br />

simples e rudimentar, e o Acheulense Evoluído, ao qual pertencem os mais belos<br />

bifaces e machadinhas manufaturados. Existem coleções desses instrumentos<br />

enriquecendo o acervo dos museus <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental, sendo que as provenientes<br />

de Isimila (sul <strong>da</strong>s terras altas <strong>da</strong> Tanzânia) classificam -se entre as mais belas<br />

do mundo. Evidentemente, o Acheulense Evoluído começou a se desenvolver<br />

a partir de certo ponto do Acheulense Antigo, tendo as novas técnicas, em<br />

consequência, coexistido durante certo tempo com as antigas tradições.<br />

No Acheulense, a <strong>África</strong> oriental foi apenas uma <strong>da</strong>s muitas regiões do Mundo<br />

Antigo habita<strong>da</strong>s pelo homem, mas aí se descobriram sítios que forneceram<br />

algumas <strong>da</strong>s mais valiosas informações sobre a tecnologia e a economia do Homo<br />

erectus e do Homo sapiens primitivo. Além de Olduvai – com suas incomparáveis<br />

sequências estratigráficas – e de outros depósitos na mesma região, há os sítios<br />

de Olorgesailie e Kariandusi, no Rift Valley do Quênia, e várias jazi<strong>da</strong>s a leste<br />

do lago Turkana; Nsongesi e outros sítios próximos <strong>da</strong> fronteira entre Ugan<strong>da</strong> e<br />

Tanzânia; Isimila e Lukuliro, no sul <strong>da</strong> Tanzânia; e Melka Konturé, na Etiópia,<br />

onde várias fases do Acheulense foram descobertas.<br />

As denominações “biface” e “machadinha”, usa<strong>da</strong>s para designar os dois tipos<br />

mais característicos de instrumentos acheulenses, são evidentemente termos<br />

arqueológicos convencionais. O biface ou hand ‑axe (acha de mão) não era um<br />

machado, mas, certamente, um instrumento para uso geral, cuja extremi<strong>da</strong>de<br />

pontiagu<strong>da</strong> e longos bordos afiados poderiam servir para cavar e esfolar,<br />

entre outras coisas. A machadinha (cleaver), com bordo cortante em formato<br />

ligeiramente quadrangular, serviria propriamente para esfolar animais. A diferença<br />

entre a tecnologia olduvaiense e a acheulense é, em grande parte, quantitativa:<br />

os conjuntos de utensílios bem como os utensílios isolados acheulenses são

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