29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

16 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

No entanto, após Seligman, os antropólogos sociais britânicos conseguiram<br />

de certa forma escapar à influência do mito camítico. Sua formação, a partir desse<br />

momento, foi domina<strong>da</strong> pela influência de B. Malinowski e A. R. Radcliffe-<br />

-Brown, que se opunham decidi<strong>da</strong>mente a qualquer espécie de história fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

em conjeturas. De fato, o método estritamente funcionalista adotado pelos<br />

antropólogos britânicos entre 1930 e 1950 para o estudo <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des africanas<br />

tendia a desencorajar qualquer interesse histórico, mesmo quando, graças a<br />

seu trabalho de campo, eles se encontravam numa situação excepcionalmente<br />

favorável para obter <strong>da</strong>dos históricos. Porém, no continente europeu (e também<br />

na América do Norte, ain<strong>da</strong> que poucos antropólogos americanos tenham<br />

trabalhado na <strong>África</strong> antes dos anos 50) subsistia uma tradição mais antiga de<br />

etnografia que, entre outras características, <strong>da</strong>va tanto peso à cultura material<br />

quanto à estrutura social.<br />

Isso gerou uma grande quanti<strong>da</strong>de de trabalhos de importância histórica,<br />

como por exemplo The King of Gan<strong>da</strong>, de Tor Irstam (1944), ou The trade of<br />

Guinea, de Lar Sundstrom (1965). Entretanto, duas obras merecem destaque<br />

especial; Völkerkunde von Afrika, de Hermann Baumann (1940) e Geschichte<br />

Afrikas de Diedrich Westermann (1952). A primeira era um estudo enciclopédico<br />

dos povos e civilizações <strong>da</strong> <strong>África</strong> que valorizava bastante as partes conheci<strong>da</strong>s<br />

de sua história e até hoje não foi superado como manual de um só volume. O<br />

livro mais recente, Africa: its Peoples and their Culture History (1959), escrito<br />

pelo antropólogo americano G. P. Murdock, fica prejudicado na comparação<br />

por faltar ao seu autor experiência direta <strong>da</strong> <strong>África</strong>, o que lhe teria permitido<br />

avaliar corretamente os materiais de que dispunha, e por ele ter fornecido alguns<br />

esquemas hipotéticos tão excêntricos em seu gênero quanto os de Seligman,<br />

embora menos perniciosos 25 . Quanto a Westermann, ele era sobretudo um<br />

linguista. Sua obra sobre a classificação <strong>da</strong>s línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong> é, em muitos<br />

aspectos, a precursora <strong>da</strong> de Greenberg; além disso, ele contribuiu com uma<br />

seção linguística para o livro de Baumann. Mas sua Geschichte, infelizmente<br />

deforma<strong>da</strong> pela teoria camítica, é também uma compilação muito valiosa <strong>da</strong>s<br />

tradições orais africanas tais como se apresentavam em sua época.<br />

A estes trabalhos pode -se talvez acrescentar o de H. A. Wieschoff, The<br />

Zimbabwe ‑Monomotapa Culture (1943), ain<strong>da</strong> que seja só para apresentar seu<br />

mestre, Leo Frobenius. Frobenius era etnólogo e antropólogo cultural, mas<br />

era também um arqueólogo disfarçado de historiador. Durante seu período<br />

25 Ver meu resumo sobre o assunto no artigo “Anthropology, botany and history”. In: J. A. H., n. 2, 1961,<br />

299 -309.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!