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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Os homens fósseis africanos<br />

modo se formam ficam enterrados a grande profundi<strong>da</strong>de sob os sedimentos<br />

acumulados, e talvez só venham a ser descobertos pelo homem moderno caso<br />

intervenham fenômenos naturais, como a erosão ou os movimentos tectônicos.<br />

Tais sítios são pouco numerosos e se encontram bastante dispersos. Ain<strong>da</strong> que<br />

se descubram, a ca<strong>da</strong> ano, novas jazi<strong>da</strong>s, grande parte <strong>da</strong> <strong>África</strong> jamais revelará<br />

evidências fósseis do aparecimento do homem.<br />

Seria interessante comentar as razões pelas quais certas partes, <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

são tão ricas em testemunhos pré -históricos. A primeira é a diversi<strong>da</strong>de de<br />

habitats. O continente é vasto, estendendo -se acima e abaixo do Equador até<br />

as zonas tempera<strong>da</strong>s do norte e do sul. Esse fato, por si só, implica a varie<strong>da</strong>de<br />

de climas; no entanto, as terras altas <strong>da</strong> região equatorial introduzem uma<br />

dimensão suplementar. Essa massa de terra se eleva, a partir <strong>da</strong> franja litorânea,<br />

em uma série de planaltos, até as cadeias de montanhas e picos, alguns dos<br />

quais cobertos de neves eternas, apesar do clima bastante seco e quente. As<br />

elevações varia<strong>da</strong>s propiciam uma diversi<strong>da</strong>de de ambientes, pois a temperatura<br />

diminui à medi<strong>da</strong> que aumenta a altitude. Ora, esses fatores sempre existiram<br />

na <strong>África</strong>, e, embora alterações climáticas tenham certamente ocorrido, parece<br />

que o continente africano sempre ofereceu um habitat adequado ao homem.<br />

Quando uma determina<strong>da</strong> área se tornava muito quente ou fria, era possível<br />

migrar para ambientes mais apropriados.<br />

Formulou -se a hipótese de uma correlação entre os períodos glaciários do<br />

hemisfério Norte e os períodos úmidos <strong>da</strong> <strong>África</strong>, pois se constatam grandes<br />

variações nos níveis dos lagos, que cor respondem a variações pluviométricas.<br />

Essa questão vem sendo objeto de minuciosos estudos nos últimos anos. Embora<br />

um avanço glaciário deva ter exercido um efeito global sobre a meteorologia, a<br />

correlação automática entre ambos não se evidencia claramente 1 . Não obstante,<br />

o acúmulo de sedimentos nas bacias dos lagos africanos durante o Pleistoceno<br />

concorre para reforçar a teoria de que as chuvas foram mais abun<strong>da</strong>ntes nesse<br />

período.<br />

Essa sedimentação foi de grande amplitude. Muitos lagos do Pleistoceno<br />

africano eram pequenos e pouco profundos, provavelmente de caráter<br />

sazonal, com variações anuais de nível – reflexo do clima tropical, com chuvas<br />

abun<strong>da</strong>ntes durante apenas alguns meses do ano. Esses lagos eram perfeitas<br />

bacias de captação para os sedimentos que se depositavam anualmente nas suas<br />

margens planas e em torno <strong>da</strong>s embocaduras dos rios que neles desaguavam<br />

1 Ver capítulo 16.<br />

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