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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Classificação <strong>da</strong>s línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

igualmente <strong>da</strong> noção de uni<strong>da</strong>de linguística africana, concebi<strong>da</strong>, entretanto, de<br />

modo ain<strong>da</strong> mais amplo, adotou a teoria de uma fonte egípcia como explicação<br />

dessa uni<strong>da</strong>de e mesmo, sem atentar para a contradição, a de uma derivação<br />

longínqua a partir <strong>da</strong>s línguas dravídicas <strong>da</strong> Índia 23 .<br />

Entre 1949 e 1950, o autor do presente capítulo definiu, em uma série de<br />

artigos publicados no Southwestern Journal of Anthropology, uma classificação nova<br />

em muitos aspectos, que acabou por obter aceitação geral 24 . Por seu método,<br />

diferia em vários pontos <strong>da</strong>s classificações anteriores. Era estritamente genética,<br />

no sentido definido na introdução deste capítulo. Portanto, considerava probantes<br />

as grandes semelhanças entre grupos de línguas, que envolviam ao mesmo tempo<br />

som e significado, quer se tratasse de raízes (do vocabulário) quer de formantes<br />

gramaticais. As semelhanças relativas apenas ao som, por exemplo, a presença de<br />

tons, ou as que se referem apenas ao significado, como por exemplo, a existência<br />

do gênero gramatical sem concordância <strong>da</strong>s formas fonéticas <strong>da</strong>s desinências,<br />

eram considera<strong>da</strong>s irrelevantes. Tais características tipológicas, como vimos,<br />

desempenhavam um papel importante nas classificações precedentes. Assim, a<br />

existência, por exemplo, dos gêneros masculino e feminino não era considera<strong>da</strong><br />

por si só uma prova de parentesco, pois essa distinção de gênero pode aparecer –<br />

e de fato aparece – independentemente em diversas partes do mundo. Por outro<br />

lado, a existência de um marcador do gênero feminino t em to<strong>da</strong>s as ramificações<br />

do afro -asiático (camito -semítico) constitui um índice positivo de parentesco.<br />

Do mesmo modo, a ausência de distinção de gênero por per<strong>da</strong> <strong>da</strong> categoria não<br />

constitui em si uma prova negativa. Esses princípios são geralmente aceitos nas<br />

áreas onde os métodos comparativos estão bem estabelecidos como, por exemplo,<br />

no indo -europeu. O persa, o armênio e o hitita, entre outros, não fazem distinção<br />

de gênero, o que já não ocorre com a maior parte <strong>da</strong>s demais línguas <strong>da</strong> família.<br />

As antigas classificações, como a de Lepsius, não utilizavam nem citavam<br />

provas concretas para seus agrupamentos. Em sua obra sobre o su<strong>da</strong>nês,<br />

Westermann forneceu etimologias, mas apenas para oito línguas, toma<strong>da</strong>s<br />

entre centenas. A única obra anterior a 1950 a apresentar provas detalha<strong>da</strong>s<br />

foi o trabalho de Westermann sobre o su<strong>da</strong>nês ocidental, referente apenas a<br />

uma parte <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Na classificação do autor do presente capítulo, foram<br />

apresenta<strong>da</strong>s etimologias e características gramaticais comuns específicas<br />

23 HOMBURGER, L. 1941.<br />

24 Para a versão mais recente <strong>da</strong> classificação de GREENBERG, ver J. H. GREENBERG, 1966 (b). Uma<br />

bibliografia <strong>da</strong> literatura onde se discute essa questão é encontra<strong>da</strong> em D. WINSTON, “Greenberg’s<br />

classification of African languages”, African Language Studies. v. 7, 1966. p. 160 -70. Para um ponto de vista<br />

diferente, ver o capítulo 11, <strong>da</strong> autoria do Professor D. OLDEROGGE. Ver também Ch. A. DIOP.<br />

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