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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Fontes e técnicas específicas <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> – Panorama Geral<br />

época, a navegação no mar Vermelho, as relações econômicas entre a costa<br />

oriental africana e o vale do Nilo. A rainha Hatshepsut, que ocupou o trono<br />

egípcio durante 21 anos (1504 -1483), organizou várias expedições comerciais,<br />

entre as quais se destaca a do ano 9 de seu reinado, que se dirigiu à região de<br />

Punt (costa somaliana); essa expedição é representa<strong>da</strong> nos esplêndidos baixos-<br />

-relevos de Deir el -Bahari, no Alto Egito.<br />

Existe aí uma nova linha de pesquisa, que não pode deixar indiferente o<br />

historiador <strong>da</strong> <strong>África</strong>. É possível avaliar a importância de introduzir o ensino<br />

do egípcio antigo nas universi<strong>da</strong>des africanas. Tal ensino deve contribuir<br />

sobremaneira para o estudo vivo do patrimônio cultural africano em to<strong>da</strong> a sua<br />

profundi<strong>da</strong>de espacial e temporal.<br />

Em relação ao parentesco linguístico do egípcio antigo, afirma o relatório<br />

final do importante simpósio internacional sobre O Povoamento do Egito Antigo<br />

e a Decifração <strong>da</strong> Escrita Meroítica (Cairo, 28 de janeiro – 3 de fevereiro de 1974):<br />

“O egípcio não pode ser isolado do seu contexto africano e o semítico não dá<br />

conta de seu surgimento; é legítimo portanto encontrar seus pais ou primos na<br />

<strong>África</strong>” (relatório final, p. 29, 5).<br />

Em termos claros, a língua faraônica não é uma língua semítica. Convém, por<br />

conseguinte, abandonar a orientação que atribui ao antigo egípcio parentesco<br />

com o “camito -semítico” ou o “afro -asiático”, segui<strong>da</strong> por certos autores que, em<br />

geral, não são nem estudiosos do semítico nem egiptólogos.<br />

O problema fun<strong>da</strong>mental consiste em aproximar, através de técnicas<br />

linguísticas apropria<strong>da</strong>s, o antigo egípcio e as línguas atuais <strong>da</strong> <strong>África</strong> negra,<br />

para reconstituir, na medi<strong>da</strong> do possível, formas anteriores comuns a partir<br />

de correspondências e comparações morfológicas, lexicológicas e fonéticas.<br />

Uma tarefa gigantesca espera o linguista. Também o historiador deverá estar<br />

preparado para uma radical mu<strong>da</strong>nça de perspectiva quando for desven<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

uma macroestrutura cultural comum entre o Egito faraônico e o resto <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> negra. Essa relação é, no sentido matemático dos termos, uma evidência<br />

intuitiva que espera uma demonstração formal. Mas aqui, mais do que em outros<br />

lugares, o historiador e o linguista são obrigados a trabalhar juntos. Isso porque a<br />

linguística é uma fonte histórica, particularmente na <strong>África</strong>, onde as numerosas<br />

línguas se imbricam.<br />

Trata -se sobretudo <strong>da</strong> linguística comparativa ou histórica. O método<br />

empregado é comparativo e indutivo, pois o objetivo <strong>da</strong> comparação é reconstruir,<br />

isto é, procurar o ponto de convergência de to<strong>da</strong>s as línguas compara<strong>da</strong>s. Este<br />

ponto de convergência será chamado de “língua comum pré -dialetal”. Mas é<br />

preciso ser muito prudente. O “bantu comum”, por exemplo, reconstruído a<br />

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