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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

escreveram. Não existe nenhum estudo sistemático sobre as mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s<br />

ao longo do tempo e que constituem o ver<strong>da</strong>deiro objetivo do historiador. Aliás,<br />

tal descrição nem chega a ser realmente sincrônica, pois se é ver<strong>da</strong>de que uma<br />

parte <strong>da</strong>s informações pode ser contemporânea, outras delas, embora pudessem<br />

ain<strong>da</strong> ser considera<strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>deiras na época em que o autor vivia, muitas vezes<br />

poderiam ser provenientes de relatos mais antigos. Além disso, essas obras<br />

apresentam o inconveniente de que, em geral, não há nenhum meio de avaliar<br />

a autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação, de saber, por exemplo, se o autor a obteve por sua<br />

observação pessoal ou a partir <strong>da</strong> observação direta de um contemporâneo, ou<br />

se ele simplesmente relata rumores correntes na época ou a opinião de autores<br />

antigos. Leão, o Africano, constitui um exemplo interessante desse problema.<br />

Assim como Ibn Battuta, ele próprio viajou pela <strong>África</strong>, mas, ao contrário deste,<br />

não se pode afirmar com certeza que to<strong>da</strong>s as informações que ele nos fornece<br />

tenham provindo de suas observações pessoais.<br />

Talvez fosse útil relembrar aqui que o termo “história” não deixa de ser ambíguo.<br />

Atualmente, pode ser definido como “um relato metódico dos acontecimentos<br />

de um determinado período”, mas pode também ter o sentido mais antigo de<br />

“descrição sistemática de fenômenos naturais”. É essencialmente nessa acepção<br />

que ele é empregado no título em inglês <strong>da</strong> obra de Leão, o Africano (Leo<br />

Africanus, A Geographical History of Africa; em francês, Description de l’ Afrique),<br />

significado que só permanece hoje na ultrapassa<strong>da</strong> expressão “história natural”<br />

(que, aliás, era o título <strong>da</strong> obra de Plínio).<br />

Entre os primeiros historiadores <strong>da</strong> <strong>África</strong>, porém, encontra -se um muito<br />

importante, um grande historiador no sentido amplo do termo: referimo -nos<br />

a Ibn Khaldun (1332 -1406) que, se fosse mais conhecido pelos especialistas<br />

ocidentais, poderia legitimamente roubar de Heródoto o título de “pai <strong>da</strong><br />

história”. Ibn Khaldun era um norte -africano nascido em Túnis. Uma parte<br />

de sua obra é consagra<strong>da</strong> à <strong>África</strong> 1 e às suas relações com os outros povos<br />

do Mediterrâneo e do Oriente Próximo. Da compreensão dessas relações ele<br />

induziu uma concepção que faz <strong>da</strong> história um fenômeno cíclico, no qual os<br />

nômades <strong>da</strong>s estepes e dos desertos conquistam as terras aráveis dos povos<br />

sedentários e aí estabelecem vastos reinos, que, depois de cerca de três gerações,<br />

perdem sua vitali<strong>da</strong>de e se tornam vítimas de novas invasões de nômades.<br />

Trata -se, sem dúvi<strong>da</strong>, de um bom modelo para grande parte <strong>da</strong> história do<br />

1 As principais explicações sobre a <strong>África</strong> encontram -se na mais importante obra desse autor, a Muqqadima<br />

(tradução francesa de Vincent MONTEIL), e no fragmento de sua história traduzido por DE SLANE<br />

sob o título Histoire des Berbères.<br />

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