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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>História</strong> e linguística<br />

estes não são os primeiros nem os únicos. Koelle 13 , a partir de 1854, e Migeod 14 ,<br />

em 1911, propuseram métodos e modos de classificação, enquanto Bauman e<br />

Westermann 15 apresentaram, em 1940, um sistema interessante sobre o mesmo<br />

tema.<br />

Entretanto, esses trabalhos continuam discutíveis e discutidos por muitas<br />

razões. A primeira é que a linguística <strong>da</strong> <strong>África</strong> não escapou à ideologia<br />

etnocentrista. Sob esse aspecto, as críticas recentes do próprio J. H. Greenberg<br />

concor<strong>da</strong>m perfeitamente com as que Cheikh Anta Diop exprimia há 20 anos,<br />

em Nations Nègres et Cultures, e que T. Obenga retomou, acrescentando -lhes<br />

novas informações em sua conferência no Festival de Lagos, em 1977. A segun<strong>da</strong><br />

razão é de ordem puramente científica. Quase todos os linguistas consideram<br />

prematuras as tentativas de classificação. Não são toma<strong>da</strong>s as precauções<br />

metodológicas indispensáveis e ain<strong>da</strong> não se reuniu material devi<strong>da</strong>mente<br />

analisado e preparado para uma comparação genética ou mesmo tipológica <strong>da</strong>s<br />

línguas africanas.<br />

Insuficiência dos trabalhos<br />

Até mesmo a simples enumeração <strong>da</strong>s línguas africanas encontra obstáculos,<br />

já que o levantamento desses idiomas ain<strong>da</strong> não atingiu resultados muito precisos.<br />

Estima -se que existam no continente de 1300 a 1500 idiomas classificados como<br />

línguas. As monografias existentes sobre tais falares resumem -se às vezes à<br />

coleta de uma vintena de palavras mais ou menos bem transcritas. A ausência<br />

de uma análise profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> estrutura, do léxico e <strong>da</strong> possível intercompreensão<br />

é um fato corrente no estudo <strong>da</strong> imensa maioria dos falares africanos. Assim,<br />

as classificações propostas periodicamente tornam -se caducas muito depressa.<br />

Diversos falares classificados como “línguas” são apenas variantes dialetais de um<br />

mesmo idioma. A partir de testemunhos vagos, que apóiam conclusões de autores<br />

ou informantes desavisados, as variantes foram rapi<strong>da</strong>mente classifica<strong>da</strong>s não<br />

apenas como línguas diferentes, mas como elementos de famílias diferentes. E<br />

como afirmar que o bambara é uma língua diferente do mandinga de Casamance<br />

ou que o ioruba de Benin é diferente do de Ife. Em ambos os casos, trata -se<br />

de variantes. Meinhof tornou -se conhecido pelos erros dessa gravi<strong>da</strong>de que<br />

cometeu no estudo <strong>da</strong>s línguas de Kordofan.<br />

13 KOELLE, S. W. 1854.<br />

14 MIGEOD, F. W. 1911.<br />

15 BAUMAN. H. e WESTERMANN, D. 1962.<br />

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