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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

sobre os negros africanos estava confirma<strong>da</strong> por sua conquista colonial. Em<br />

consequência disso, em muitas partes <strong>da</strong> <strong>África</strong>, especialmente no cinturão<br />

su<strong>da</strong>nês e na região dos grandes lagos, eles estavam convictos de que apenas<br />

<strong>da</strong>vam continui<strong>da</strong>de a um processo de civilização que outros invasores de pele<br />

clara, chamados genericamente de camitas, haviam começado antes deles. 23 O<br />

mesmo tema reaparece ao longo de muitas outras obras do período que vai<br />

de 1890 a 1940, aproxima<strong>da</strong>mente, e que contêm uma quanti<strong>da</strong>de bem maior<br />

de elementos sérios de história do que os encontrados no pequeno manual de<br />

Seligman. Em sua maioria, essas obras foram escritas por homens e mulheres<br />

que tinham participado pessoalmente <strong>da</strong> conquista ou <strong>da</strong> colonização e que<br />

não eram nem antropólogos, nem linguistas, nem historiadores profissionais.<br />

Tratava -se sim de amadores no melhor sentido <strong>da</strong> palavra, que se interessavam<br />

sinceramente pelas socie<strong>da</strong>des exóticas que haviam descoberto, e que desejavam<br />

obter mais informações a seu respeito e partilhar seus conhecimentos com<br />

outras pessoas. Sir Harry Johnston e Maurice Delafosse, por exemplo, trouxeram<br />

contribuições notáveis para a linguística africana (assim como para outros ramos<br />

do conhecimento). Mas o primeiro denominou seu grande estudo geral de A<br />

History of the Colonization of Africa by Alien Races (1899, obra revista e amplia<strong>da</strong><br />

em 1913), e, nas seções históricas do magistral estudo de Delafosse sobre o Sudão<br />

ocidental, Haut ‑Sénégal ‑Niger (1912), o tema geral aparece quando ele invoca<br />

uma migração ju<strong>da</strong>ico -síria para fun<strong>da</strong>r a antiga Gana. Flora Shaw (A Tropical<br />

Dependency, 1906) era fascina<strong>da</strong> pela contribuição dos muçulmanos à história<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong>. Margery Perham, amiga e biógrafa de Lord Lugard, refere -se com<br />

proprie<strong>da</strong>de ao “movimento majestoso <strong>da</strong> história desde as primeiras conquistas<br />

árabes <strong>da</strong> <strong>África</strong> às de Goldie e de Lugard” 24 . Um excelente historiador amador,<br />

Yves Urvoy (Histoire des Populations du Sou<strong>da</strong>n Central, 1936 e Histoire du Bornou,<br />

1949), equivoca -se completamente a respeito do significado <strong>da</strong>s interações entre<br />

os nômades do Saara e os negros sedentários que ele descreve com precisão;<br />

ao mesmo tempo, Sir Richmond Palmer (Su<strong>da</strong>nese Memoirs, 1928 e The Bornu<br />

Sahara and Su<strong>da</strong>n, 1936), arqueólogo inspirado, procura sempre as origens <strong>da</strong><br />

ação dos povos nigerianos em lugares tão distantes quanto Trípoli ou o Iêmen.<br />

23 É interessante notar que a edição atualmente revisa<strong>da</strong>, a quarta, de Races of Africa (1966) contém na<br />

página 61 uma frase importante que não se encontra na edição original de 1930. Os camitas são aí<br />

definidos como “europeus, ou seja, pertencentes à mesma grande raça <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de a que pertencem<br />

os homens brancos”!<br />

24 PERHAM, Margery. Lugard, the Years of Authority. 1960, p. 234.<br />

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