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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Fontes e técnicas específicas <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> – Panorama Geral<br />

(300 indivíduos em 1971 e 359 em 1972). Tal diferença não era observável<br />

entre os sexos, mas entre as aldeias (que reúnem de 20 a 300 habitantes).<br />

Essas aldeias, cuja população vive de criação, agricultura, coleta, caça e pesca,<br />

obedecem a uma organização clânica rígi<strong>da</strong>, acentua<strong>da</strong> por uma distribuição<br />

em setores territoriais. Mas não existe nessa socie<strong>da</strong>de nenhum chefe acima<br />

do membro mais velho. Desse modo, as diferenças originárias <strong>da</strong> organização<br />

social territorial dos Nyangatom projetam -se na sorologia: o mapa <strong>da</strong>s reações<br />

dos soros aos antígenos arbovirais reproduz exatamente a distribuição territorial<br />

<strong>da</strong>s populações testa<strong>da</strong>s 2 .<br />

Esse exemplo de colaboração dinâmica entre o parasitólogo e o antropólogo<br />

pode ser de grande utili<strong>da</strong>de para o historiador. É importante que ele saiba<br />

<strong>da</strong> existência desse material documental, que pode revelar -se “pertinente” na<br />

análise de comportamentos sexuais e no estudo do crescimento demográfico<br />

dos Nyangatom.<br />

O problema heurístico e epistemológico fun<strong>da</strong>mental permanece sempre o<br />

mesmo: na <strong>África</strong>, o historiador deve estar absolutamente atento a todos os tipos<br />

de procedimentos de análise, para articular seu próprio discurso, fun<strong>da</strong>mentando-<br />

-se num vasto conjunto de conhecimentos.<br />

Esta “abertura de espírito” é particularmente necessária quando se estu<strong>da</strong>m<br />

períodos antigos, sobre os quais não se dispõe nem de documentos escritos<br />

nem mesmo de tradições orais diretas. Sabemos, por exemplo, que a base <strong>da</strong><br />

agricultura para os homens do Neolítico era o trigo, a ceva<strong>da</strong> e o milhete, na Ásia,<br />

na Europa e na <strong>África</strong>, e o milho, na América. Mas como identificar os sistemas<br />

agrícolas iniciais, que surgiram há tanto tempo? O que permitiria distinguir uma<br />

população de pre<strong>da</strong>dores sedentários de uma de agricultores? Como e quando a<br />

domesticação <strong>da</strong>s plantas se difundiu nos diversos continentes? Quanto a isso,<br />

a tradição oral e a mitologia prestam apenas uma pequena aju<strong>da</strong>. Unicamente<br />

a arqueologia e os métodos paleobotânicos podem <strong>da</strong>r uma resposta váli<strong>da</strong> a tais<br />

questões importantes, relativas a essa inestimável herança neolítica que é a<br />

agricultura.<br />

A película externa do pólen é muito resistente ao tempo num solo favorável,<br />

não ácido. A paleopalinologia fornece uma análise microscópica de tais<br />

vestígios botânicos. Os grãos de pólen fósseis podem ser recolhidos dissolvendo<br />

progressivamente uma amostra de terra com o emprego de ácidos quentes (ácido<br />

fluorídrico ou clorídrico), que eliminam o silício e o calcário sem atacar o pólen,<br />

2 Trabalhos de François RODHAIN, entomologista, e de Serge TORNAY, etnólogo, membros <strong>da</strong> missão<br />

francesa do Omo, dirigi<strong>da</strong> por M. Yves COPPENS (1971, 1972).<br />

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