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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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48 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

religião, os especialistas em economia demonstraram, nos últimos anos, que os<br />

diferentes tipos de economia não paravam de evoluir e que essa evolução respondia<br />

tanto a estímulos de ordem interna quanto a influências de ultramar. No entanto,<br />

os economistas, particularmente os especialistas em desenvolvimento econômico,<br />

prosseguem seus trabalhos sem considerar a cultura econômica que tentam<br />

dominar. Não só tendem a ignorar o mecanismo <strong>da</strong> evolução em curso, mas muitos<br />

deles dão pouca atenção aos modelos estáticos dos antropólogos economistas.<br />

Assim, por exemplo, para justificar a teoria do desenvolvimento econômico,<br />

convinha assegurar ser a <strong>África</strong>, em grande medi<strong>da</strong>, forma<strong>da</strong> por economias de<br />

“subsistência”, nas quais ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de familiar produz a quase totali<strong>da</strong>de dos bens<br />

e serviços de que necessita. Esse ponto de vista foi defendido principalmente<br />

por Hla Myint em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60, ao mesmo tempo que a teoria<br />

do desenvolvimento econômico vent ‑for ‑surplus, basea<strong>da</strong> na liberação dos<br />

recursos e dos meios de produção insuficientemente empregados 9 . Na reali<strong>da</strong>de,<br />

nenhuma comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>África</strong> pré -colonial supria inteiramente suas próprias<br />

necessi<strong>da</strong>des sem se dedicar a algum comércio; e eram numerosas as socie<strong>da</strong>des<br />

africanas que possuíam complexas redes de produção e exportação dirigi<strong>da</strong>s<br />

às necessi<strong>da</strong>des de seus vizinhos. Na orla do Saara, numerosas tribos pastoris<br />

obtinham a metade, se não mais, de seu consumo anual de calorias, trocando os<br />

produtos de sua criação por cereais. Outras produziam e vendiam regularmente<br />

os excedentes agrícolas, o que lhes permitia adquirir certos gêneros exóticos –<br />

sal, gado, manteiga de Galam, noz de cola, tâmaras. O erro que se dissimula<br />

sob o quadro de uma economia africana estática é, se bem entendido, o mito<br />

eterno <strong>da</strong> <strong>África</strong> “primitiva”, erro reforçado pela tendência dos antropólogos<br />

em escolher as comuni<strong>da</strong>des mais simples e sua antiga propensão a abstrair o<br />

tempo em suas concepções.<br />

Os economistas e antropólogos que estu<strong>da</strong>ram a economia africana in loco<br />

ressaltaram, evidentemente, a importância do comércio na <strong>África</strong> pré -colonial.<br />

Alguns notaram que as economias africanas evoluíram rapi<strong>da</strong>mente antes <strong>da</strong><br />

chega<strong>da</strong> maciça dos europeus. To<strong>da</strong>via, distanciando -se <strong>da</strong> linha de pensamento<br />

ortodoxo, um grupo sublinhou mais as diferenças que as semelhanças entre<br />

as culturas econômicas. Os membros desse grupo – às vezes denominados<br />

“substantivistas”, em razão de sua insistência em estu<strong>da</strong>r a natureza substantiva<br />

<strong>da</strong> produção e do consumo e também de seu esforço para relacionar a forma<br />

como o homem satisfaz suas necessi<strong>da</strong>des materiais ao quadro mais amplo de<br />

9 MYINT, H. 1964

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