29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Classificação <strong>da</strong>s línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

considerados como constituintes de uma raça mais por razões fisiológicas<br />

do que filológicas” 9 .<br />

• Embora até recentemente to<strong>da</strong>s as classificações de conjunto <strong>da</strong>s línguas<br />

africanas separassem completamente as línguas bantu <strong>da</strong>s línguas ditas<br />

“negras”, alguns observadores notaram que muitas <strong>da</strong>s línguas considera<strong>da</strong>s<br />

“negras”, principalmente as <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, mostravam parentesco com<br />

o grupo bantu. Ao que parece, o primeiro a atentar para esse fato foi o<br />

bispo O. E. Vi<strong>da</strong>l em sua introdução à gramática do ioruba, de Samuel<br />

Crowther 10 . Bleek deu uma definição geral ao termo “bantu” estendendo<br />

sua aplicação à maior parte <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental até o 13 o grau de latitude<br />

norte, do Senegal ao Nilo superior 11 . Essa ideia fun<strong>da</strong>mental foi retoma<strong>da</strong><br />

por Westermann muito tempo depois sob forma modifica<strong>da</strong>, e, de modo<br />

mais explícito, por Greenberg, na classificação corrente nos dias de hoje.<br />

• A filiação do malgaxe ao malaio -polinésio e, consequentemente, o seu não-<br />

-parentesco com as línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong> já haviam sido observados, como<br />

vimos, no século XVII, e eram geralmente aceitos.<br />

A déca<strong>da</strong> de 1860 destacou -se pela publicação de duas classificações<br />

completas que deveriam dominar o campo até quase 1910. A primeira foi a<br />

de Lepsius, que apareceu em duas versões, em 1863 e 1880 12 . A outra foi a de<br />

Friedrich Müller, que também teve duas versões, a de 1867 e a de 1884 13 . A<br />

obra de Müller forneceu a base para o importante estudo de R. N. Cust, que<br />

contribuiu para difundir sua obra nos países de língua inglesa. O estudo de Cust<br />

é uma fonte extremamente preciosa para a bibliografia <strong>da</strong> linguística africana<br />

até aquela época.<br />

Tanto Lepsius como Müller excluíram de suas classificações o malgaxe,<br />

considerando -o uma língua não -africana. Para os demais linguistas, o principal<br />

problema era o <strong>da</strong>s línguas “negras” e sua posição em relação ao bantu, por<br />

ser este, dentre todos os grupos de línguas fala<strong>da</strong>s pelos povos negros, o único<br />

extenso e bem determinado. Tanto na classificação de Müller como na de<br />

Lepsius, as considerações raciais representaram um papel muito importante,<br />

embora de modo diferente.<br />

9 PRICHARD. J. C. 1855, v. I, p. 427.<br />

10 VIDAL, O. E. In: CROWTHER, S. 1852.<br />

11 BLEEK. W. H. I. 1862 -1869, v. I, p. 8.<br />

12 LEPSIUS, C. R. duas edições, 1863 e 1880.<br />

13 MÜLLER, F. 1867; 1876 -1884. Para as línguas africanas. ver I, 2 (1877) e III, 1 (1884).<br />

321

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!