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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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158 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

genealogia <strong>da</strong> precedente a fim de se legitimar. O número de reis e gerações<br />

continuava aparentemente correto. Estudos recentes, mais detalhados, mostram<br />

que essa posição não se justifica inteiramente. Os processos de condensação,<br />

alongamento e regularização podem afetar as tradições dinásticas tanto quanto<br />

as outras. Em listas de reis, por exemplo, os nomes de usurpadores, isto é, dos que<br />

são considerados usurpadores naquele momento, ou em qualquer época após seu<br />

reinado, são às vezes omitidos, assim como os de muitos reis que não passaram<br />

por to<strong>da</strong>s as cerimônias de iniciação que, em geral, são muito longas. O reinado<br />

de um rei que abdica e em segui<strong>da</strong> retorna ao poder é às vezes contado como<br />

um único governo. Tudo isso encurta o processo histórico.<br />

Onde a sucessão é patrilinear e primogenitiva, como na região interlacustre,<br />

a tendência à regularização dos fatos resultou num surpreendente número de<br />

sucessões regulares – isto é, o filho sucedendo ao pai –, que ultrapassa de muito a<br />

média, e mesmo os recordes observados em outras partes do mundo. Esse processo<br />

de regularização produziu uma genealogia típica, retilínea, desde os mais antigos<br />

tempos até o século XIX aproxima<strong>da</strong>mente, quando se tornou arborescente. O<br />

resultado é o alongamento <strong>da</strong> dinastia pelo aumento do número de gerações,<br />

uma vez que os colaterais são apresentados como pais e filhos. A confusão<br />

entre homônimos e entre nome de reino ou título e nome pessoal, assim como<br />

outros detalhes desse tipo, pode estender ou encurtar a lista. Como, durante os<br />

tempos coloniais, especialmente em regiões sob administração indireta, era forte<br />

a pressão para alongar as dinastias (pois as socie<strong>da</strong>des europeias – como muitas<br />

africanas – têm um grande respeito pela antigui<strong>da</strong>de), empregaram -se todos<br />

os meios possíveis. mesmo ambíguos, com aquela finali<strong>da</strong>de. Todos os nomes<br />

foram, então, utilizados; ciclos de nomes reais foram desdobrados, se necessário,<br />

ou agrupados; po<strong>da</strong>ram -se os ramos colaterais a fim de alongar -se o tronco.<br />

Por último, e sempre no caso dos reinos, encontram -se comumente lacunas<br />

entre o herói fun<strong>da</strong>dor, que pertence à cosmogonia, e o primeiro rei histórico<br />

“útil”. Somente uma investigação muito cui<strong>da</strong>dosa pode determinar se nesses<br />

casos particulares os processos descritos realmente ocorreram. A esse respeito,<br />

a presença de irregulari<strong>da</strong>des na sucessão e nas genealogias é a melhor garantia<br />

de autentici<strong>da</strong>de, pois denota uma resistência ao nivelamento homeostático.<br />

Socie<strong>da</strong>des de classes de i<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> não foram submeti<strong>da</strong>s a esse tipo de<br />

exame sistemático. Alguns casos mostram que os processos de regularização<br />

intervêm para organizar os ciclos ou para reduzir a confusão produzi<strong>da</strong> pelos<br />

homônimos. Mas os diferentes tipos de sucessão de classes de i<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> têm<br />

que ser estu<strong>da</strong>dos. Não podemos generalizar, exceto para dizer que o problema

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