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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas a partir do século XV<br />

Finalmente temos as narrativas em várias línguas europeias, que aos poucos<br />

vão ocupando o espaço <strong>da</strong>s fontes árabes. A quanti<strong>da</strong>de de obras dessa natureza<br />

aumenta progressivamente e, nos séculos XIX e XX, atinge um tal volume que<br />

só os livros de referência bibliográfica poderiam ser contados às dezenas.<br />

Apesar de to<strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>nças, houve, evidentemente, uma continui<strong>da</strong>de na<br />

historiografia de algumas regiões <strong>da</strong> <strong>África</strong>, especialmente na do Egito, Magreb e<br />

Etiópia. Nesses países, os cronistas e biógrafos mantiveram viva a tradição her<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

do período anterior. Enquanto no Egito e, em parte, na Etiópia observou -se um<br />

certo declínio na quali<strong>da</strong>de e mesmo quanti<strong>da</strong>de desses trabalhos, o Magreb e,<br />

em particular, o Marrocos continuaram a produzir competentes estudiosos que<br />

contribuíram grandemente para a história de seus países.<br />

As áreas geográficas cobertas por fontes escritas também vão registrar uma<br />

evolução. Enquanto, até o século XVI, as margens do Sahel su<strong>da</strong>nês e uma<br />

estreita faixa <strong>da</strong> costa oriental africana formavam os limites do conhecimento<br />

geográfico, e, portanto, histórico, a nova época viria gradualmente acrescentar a<br />

esse espaço novas regiões antes não menciona<strong>da</strong>s por aquele tipo de fontes. A<br />

quanti<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de dessas fontes variam bastante, evidentemente, de uma<br />

região para outra e de um século para outro, tornando a classificação por língua,<br />

caráter, propósito e origem dos documentos ain<strong>da</strong> mais complexa.<br />

De modo geral, registrou -se uma expansão <strong>da</strong> costa para o interior. O<br />

movimento foi bastante lento, só ganhando aceleração no fim do século XVIII.<br />

A costa africana e seu interior imediato, já no século XV, haviam sido descritos<br />

pelos portugueses, de modo sumário. Nos séculos seguintes as fontes escritas,<br />

já então em várias línguas, começaram a registrar informes mais detalhados e<br />

abun<strong>da</strong>ntes sobre as populações costeiras. Os europeus penetraram no interior<br />

somente em algumas regiões (no Senegal e na Gâmbia, no delta do Níger e no<br />

Benin, no Reino do Congo, e pelo Zambeze, até o Império de Monomotapa),<br />

trazendo, assim, essas áreas para o horizonte <strong>da</strong>s fontes escritas. Ao mesmo<br />

tempo, algumas partes <strong>da</strong> <strong>África</strong>, até então praticamente inexplora<strong>da</strong>s, tornaram-<br />

-se mais conheci<strong>da</strong>s, como, por exemplo, a costa sudoeste africana e Ma<strong>da</strong>gáscar.<br />

Um território muito maior era coberto por fontes escritas em árabe. A escola<br />

historiográfica su<strong>da</strong>nesa, à medi<strong>da</strong> que ia obtendo informações sobre regiões até<br />

então desconheci<strong>da</strong>s, estendia -se a outros países, sobretudo em direção ao sul, de<br />

modo que no século XIX to<strong>da</strong> a região entre o Saara e a floresta – e, em alguns<br />

pontos, até a costa – podia -se considerar coberta por fontes escritas locais. Já,<br />

no interior, vastas regiões tiveram que esperar até o século XIX pela produção<br />

<strong>da</strong>s primeiras narrativas escritas dignas de confiança.<br />

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