29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A arte pré -histórica africana<br />

Bem a propósito, H. J. Hugot escreve sobre os homens neolíticos <strong>da</strong><br />

Mauritânia: “Quando chegaram, os homens negros de Tichitt traziam consigo<br />

seus bois”. Mais adiante, ele diz que “durante a fase pastoril média chegam os<br />

elementos negroides. E o grande período bovidiano, com as mana<strong>da</strong>s de bois<br />

retrata<strong>da</strong>s em profusão” 36 . Portanto, o pastoreio não é um critério suficiente, assim<br />

como não o são a craniometria e as impressões subjetivas sobre as características<br />

físicas. Não são as “raças” que fazem a história, e a ciência moderna não inclui<br />

a raça entre os caracteres somáticos superficiais 37 . To<strong>da</strong>s as “<strong>da</strong>mas brancas” <strong>da</strong>s<br />

pinturas rupestres africanas, como a que existe na <strong>África</strong> do Sul, que tem apenas<br />

o rosto branco e que lembrava a Breuil os afrescos de Cnossos e “a passagem<br />

de colunas de prospectores vindos do golfo Pérsico”, representam sem dúvi<strong>da</strong><br />

sacerdotes, caçadores ou jovens africanas saindo de cerimônias de iniciação,<br />

como fazem ain<strong>da</strong> hoje, pinta<strong>da</strong>s com caulim branco, cor que denota a morte<br />

de uma personali<strong>da</strong>de anterior e a ascensão a um novo status 38 .<br />

Também existem controvérsias a respeito <strong>da</strong> autoria <strong>da</strong>s obras de arte<br />

rupestre no sul <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Mas, neste caso, o quadro histórico geral é um pouco<br />

mais conhecido. Trata -se, inicialmente, <strong>da</strong>s relações entre os Khoi -Khoi e os<br />

San, depois entre os Khoisan e os Bantu. Há muitos quadros que retratam essa<br />

dinâmica histórica. A comparação estatística <strong>da</strong>s mãos positivas desenha<strong>da</strong>s<br />

sobre as rochas corresponde à compleição dos San, como também a esteatopigia,<br />

a semi -ereção do pênis, etc. Quanto às gravuras do período dos cavalos e <strong>da</strong>s<br />

carroças elas relacionam -se à época histórica.<br />

Podemos nos in<strong>da</strong>gar se os pintores e os gravadores pertenciam a povos<br />

diferentes, os primeiros trabalhando nos abrigos, e os segundos nas colinas.<br />

Tudo indica que não. De fato, os pintores geralmente não podiam trabalhar ao<br />

ar livre; se o fizeram, suas obras certamente perderam as cores e desapareceram.<br />

Por outro lado, o dolerito e o diabásio dos kopje eram as melhores rochas para a<br />

gravação, pois ofereciam um belo contraste entre a pátina ocre e o interior cinza<br />

ou azul <strong>da</strong> rocha, o que não ocorria com o calcário dos abrigos. Aliás, encontram-<br />

-se por vezes pinturas e gravuras nos mesmos locais, e também gravuras que<br />

36 HUGOT, H. J. op. cit., p. 225 -74.<br />

37 Cf. capítulo 10, parte II, “Teorias relativas às ‘raças’ e história <strong>da</strong> <strong>África</strong>”, p. 277 -86.<br />

38 Segundo inúmeros autores, “a Dama Branca” de Brandberg, cujas reproduções não fazem justiça ao<br />

quadro real, seria, na ver<strong>da</strong>de, um rapaz, a julgar pelo seu arco, suas nádegas estreitas e seu órgão sexual<br />

protuberante (como acontece frequentemente entre os San, cujo pênis é semi -ereto). Quanto à sua cor,<br />

devemos salientar que a face não é pinta<strong>da</strong>, mas representa<strong>da</strong> pela própria rocha, enquanto o corpo é rosa<br />

dos pés até a cintura e negro mais acima. Aliás, a cor não significa na<strong>da</strong>, pois existem elefantes, macacos<br />

e mulheres pintados de vermelho e homens de branco. Cf. A. R. WILLCOX, 1963, p. 43 -45.<br />

777

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!