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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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706 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Pó, distinguimos quatro fases principais num complexo <strong>da</strong> Late Stone Age 100<br />

que apresenta peças de cerâmica e machados de pedra poli<strong>da</strong> mas não tem<br />

micrólitos; uma <strong>da</strong>tação por radiocarbono indica o século VI <strong>da</strong> Era Cristã para<br />

a fase mais antiga, o que, salvo engano, torna essa sequência bastante tardia; a<br />

forma curva<strong>da</strong> dos machados apresenta pontos em comum com a dos machados<br />

provenientes do sudeste <strong>da</strong> Nigéria 101 , de Camarões e <strong>da</strong> República do Chade 102 .<br />

Em resumo, a Late Stone Age na <strong>África</strong> ocidental pode ser dividi<strong>da</strong> em<br />

duas fases: a fase I, cujo início não ultrapassou -10.000, tem duas fácies: a fácies<br />

A apresenta uma indústria de micrólitos, associa<strong>da</strong> à caça na savana; a fácies<br />

B pertence à zona florestal na extremi<strong>da</strong>de sudoeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental e não<br />

apresenta micrólitos. A fase II, que começou logo depois de -3000, tem quatro<br />

fácies: a fácies A, na maior parte <strong>da</strong> savana, apresenta peças de cerâmica e<br />

machados de pedra poli<strong>da</strong> associados aos micrólitos; a fácies B, no Sahel, inclui<br />

a pesca em sua economia e praticamente não apresenta micrólitos, apesar de ter<br />

uma indústria de objetos de osso como arpões, anzóis, etc.; a fácies C é costeira<br />

e sua economia é a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> à exploração de recursos <strong>da</strong>s lagunas e dos estuários;<br />

a fácies D, associa<strong>da</strong> à paisagem <strong>da</strong> floresta, apresenta peças de cerâmica e<br />

machados de pedra poli<strong>da</strong>, mas não dispõe de micrólitos.<br />

Durante o terceiro milênio, quando os pastores do Saara emigraram pela<br />

primeira vez para o sul, eles não somente encontraram “caçadores microlíticos”,<br />

mas também abandonaram uma região onde o sílex era abun<strong>da</strong>nte e foram para<br />

outra, onde as armaduras e as farpas de flechas só podiam ser feitas de quartzo<br />

ou outros tipos de pedras com as quais era extremamente difícil fazer pontas<br />

bifaciais. Assim, em sua maioria eles parecem ter adotado a técnica microlítica<br />

local para armar e farpar suas flechas; essa técnica era eficaz, embora o resultado,<br />

do ponto de vista estético, não fosse muito agradável a olhos modernos. Os<br />

que chegaram até Ntereso, no centro de Gana, durante a segun<strong>da</strong> metade do<br />

segundo milênio, e aí conservaram suas pontas de flechas bifaciais características,<br />

constituem uma exceção 103 .<br />

Se essa migração <strong>da</strong>s, populações do Saara em direção ao sul representou<br />

a introdução de um elemento novo na população autóctone, ela não teve<br />

influência visível no tipo físico: todos pertenciam igualmente à raça negra 104 . Se,<br />

100 MARTIN DE MOLINO. 1965.<br />

101 KENNEDY, R. A. 1960.<br />

102 CLARK, J. D. 1967, p. 618.<br />

103 DAVIES, O. 1966a; 1967a; 1967b, p. 163; SHAW, T. 1969c, p. 227 -28.<br />

104 CHAMLA, M. C. 1968; BROTHWELL, D. e SHAW, T. 1971.

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