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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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310 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

muito pequenos, em relação ao grupo “negro” predominante e mesmo à raça<br />

afro -mediterrânica <strong>da</strong> <strong>África</strong> do Norte.<br />

Atualmente, o mapa linguístico <strong>da</strong> <strong>África</strong> não coincide com a distribuição dos<br />

tipos “raciais”, embora tal concordância possa ter ocorrido num passado remoto.<br />

Mas durante um longo período os antigos grupos étnicos se multiplicaram,<br />

migraram e se cruzaram, não mais havendo coincidência entre a evolução<br />

linguística e o processo de formação dos tipos “raciais”. Por processo de formação<br />

de tipos “raciais” entende -se a herança genética e a gradual a<strong>da</strong>ptação ao meio<br />

ambiente. A não -concordância entre as distribuições “racial” e linguística é<br />

patente no caso dos povos do Sudão, zona de confluência de dois tipos diferentes<br />

de famílias linguísticas.<br />

A <strong>África</strong> do Norte, incluindo a Mauritânia e a Etiópia, pertence à vasta área<br />

<strong>da</strong>s línguas camito -semíticas. Essa denominação não parece pertinente, pois<br />

sugere que as línguas dessa família se dividem em dois grupos, um semítico e<br />

outro camítico. De fato, no século XIX, denominavam -se semíticas as línguas<br />

desse grupo fala<strong>da</strong>s no Oriente Próximo, e camíticas as línguas fala<strong>da</strong>s na <strong>África</strong>.<br />

Mas o semitólogo francês M. Cohen observou não haver argumentos que<br />

justificassem essa divisão em dois grupos. Atualmente, costuma -se classificar<br />

as línguas dessa família em cinco grupos: semítico, cuchítico, berbere 7 , egípcio<br />

antigo 8 e o grupo linguístico do Chade. Assim, as línguas dessa grande família<br />

linguística são fala<strong>da</strong>s por diversas “raças” semíticas e negras.<br />

No extremo sul do continente africano, as línguas san, às quais devem ser<br />

acrescenta<strong>da</strong>s as línguas kwadi, em Angola, e hadzapi, na Tanzânia, parecem<br />

pertencer a um grupo específico, tendo como característica comum a presença<br />

de c1iques e a estrutura isolante. Talvez fosse mais prudente chamá -las línguas<br />

paleoafricanas, assim como se usa o termo paleoasiático para as línguas <strong>da</strong>s<br />

regiões do extremo nordeste <strong>da</strong> Ásia. As línguas khoi -khoi, cujo sistema<br />

gramatical é diferente, não deveriam ser incluí<strong>da</strong>s neste grupo. Os Khoi -Khoi são<br />

criadores de gado que sem dúvi<strong>da</strong> emigraram do nordeste para o sul <strong>da</strong> <strong>África</strong>,<br />

estabelecendo -se em meio a grupos autóctones San. Alguns destes adotaram a<br />

língua dos Khoi -Khoi, como é o caso dos povos encontrados nos montes Otavi,<br />

e talvez mesmo dos Naron do núcleo central. A hipótese de que o itinerário<br />

acima indicado correspon<strong>da</strong> realmente ao <strong>da</strong> expansão dos Khoi -Khoi através<br />

<strong>da</strong>s savanas <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental a partir do Alto Nilo parece confirma<strong>da</strong> pelo fato<br />

7 De acordo com alguns autores, o berbere faz parte do grupo semítico.<br />

8 De acordo com alguns egiptólogos africanos. o egípcio antigo é uma <strong>da</strong>s línguas “negro -africanas” (ver<br />

cap. 1, v. II).

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