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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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806 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Fruto de uma longa experiência, tal sistema só pôde ser implantado<br />

progressivamente 5 . Com efeito, para terem real eficácia, as bacias artificiais<br />

deviam ser metodicamente planeja<strong>da</strong>s para todo o território, ou pelo menos para<br />

vastas regiões. Consequentemente, foi necessário um acordo prévio entre grande<br />

número de homens para a realização desse trabalho comunitário. Eis a origem<br />

dos primeiros sistemas sociais no vale inferior do Nilo: primeiro, agrupamento<br />

de etnias em torno de um centro agrícola provincial; em segui<strong>da</strong>, união de vários<br />

desses centros e, finalmente, formação de dois agrupamentos políticos maiores,<br />

um no sul e outro no norte 6 .<br />

A documentação de que dispomos referente a esse período de -5000 a -3000<br />

– não permite determinar a natureza do sistema social que é a base <strong>da</strong> ocupação<br />

e valorização do vale inferior do Nilo. O próprio termo “etnia”, que acabamos<br />

de empregar, certamente não é correto. Na<strong>da</strong> nos autoriza a afirmar que houve,<br />

nessa época, grupos étnicos muito diferenciados ao longo do vale do Nilo, embora<br />

pareça confirma<strong>da</strong> a existência de grupos políticos ou político -religiosos. A única<br />

indicação de que dispomos fun<strong>da</strong>menta -se nas representações que aparecem em<br />

monumentos votivos de pequenas dimensões: paletas para maquilagem, clavas<br />

cerimoniais de significado mágico -religioso. Essa documentação reflete apenas,<br />

e bem sumariamente, a situação no final do período, nas últimas gerações do fim<br />

do quarto milênio 7 . Pode -se admitir, to<strong>da</strong>via, que o sistema social praticamente<br />

não evoluiu ao longo dos dois milênios que durou o período, de acordo com as<br />

observações feitas a partir dessa documentação.<br />

O início <strong>da</strong> história escrita coincide, em geral, com a fusão dos agrupamentos<br />

do norte e do sul em um só sistema e sob a autori<strong>da</strong>de de um único rei. Temos aí,<br />

esquematicamente, a história do vale inferior do Nilo, de -5000 a -3000, história<br />

como se vê, domina<strong>da</strong> não apenas pela descoberta do metal, acontecimento na<br />

ver<strong>da</strong>de de importância menor, mas principalmente pelo domínio do homem<br />

sobre todo o vale. Esse domínio, independentemente <strong>da</strong> construção de diques e<br />

barragens, exigiu o aplanamento do solo a fim de que a água não se estagnasse<br />

nas terras baixas e, por outro lado, se espalhasse a grande distância para ampliar<br />

5 As obras gerais sobre a irrigação no Egito não examinam, ao que sabemos, a questão do aparecimento<br />

e desenvolvimento progressivo <strong>da</strong> irrigação no Egito. O sistema já estabelecido é descrito em J.<br />

BESANÇON, op. cit., p. 85 -97, e em F. HARTMANN, 1923, p. 113 -18. L. KRZYZANIAK, 1977,<br />

distingue um período de irrigação natural, p. 52 -123, e um período de irrigação controla<strong>da</strong>, p. 127 -67.<br />

Esta teria começado no Gerzehense (Naga<strong>da</strong> II), cf. ibid. p. 137, por volta de -3070 ±290. Quanto a essa<br />

<strong>da</strong>ta, ver H. A. NORDSTROM, 1972, p. 5.<br />

6 J. VERCOUTTER, 1967, p. 253 -57.<br />

7 Sobre esses problemas, cf. J. -L. de CENIVAL, 1973, p. 49 -57.

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