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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> do vale do Nilo<br />

numa forma levalloisiense pura. Em Uadi Sebua, estu<strong>da</strong>mos umà indústria que,<br />

com to<strong>da</strong> certeza, pertence à fase final desse período e é associa<strong>da</strong> a lascas não-<br />

-levalloisienses, incluindo muitos buris.<br />

O Ateriense, indústria típica do Magreb e do Saara meridional, distingue -se<br />

por lascas de base peduncular acentua<strong>da</strong> e pelo uso de retoques foliáceos. Tendo<br />

começado, sem dúvi<strong>da</strong>, com o Musteriense, ele sobreviveu acidentalmente em<br />

algumas áreas até o período Neolítico. Na Núbia egípcia, ele foi há pouco tempo<br />

identificado no deserto líbio, a noroeste de Abu Simbel 6 , associado a uma fauna<br />

muito rica: rinocerontes brancos, grandes bovinos, asnos selvagens, duas espécies<br />

de gazela, antílopes, raposas, chacais, facocheros, avestruzes, uma espécie extinta<br />

de dromedário e tartarugas. Na Núbia, o Ateriense parece relacionar -se com<br />

o Amadiense, uma indústria de tradição mustero -levalloisiense. No Egito,<br />

ele existe em estado puro nos oásis do leste, em Siwa, Dakhla e Kharga. No<br />

deserto oriental, é encontrado em Uadi Hammamat. No próprio vale do Nilo<br />

ele se espalha em pequenos lotes em Tebas e Dara (?). Pode ter influenciado<br />

o Hawariense no período seguinte, em Esna e Tebas. Ele se apresenta em<br />

dimensões microlíticas, nessa mesma indústria, em Abbassieh e Jebel Ahmar,<br />

perto do Cairo (desde no mínimo -44.000 até pelo menos -7000).<br />

Apesar dos numerosos vestígios <strong>da</strong>s culturas <strong>da</strong> Middle Stone Age no Egito,<br />

um estudo tipológico exaustivo de seu instrumental está longe de ser completado.<br />

Os primeiros trabalhos sobre os velhos terraços do vale do Nilo e do Faium<br />

permitiram uma visão geral <strong>da</strong> civilização que existia nesse período. No entanto,<br />

nossas recentes escavações sistemáticas na montanha de Tebas, desde 1971, sob<br />

os auspícios <strong>da</strong> UNESCO, revelaram algo de novo. Ocorrências estratifica<strong>da</strong>s<br />

nos depósitos geológicos e numa centena de sítios desse período, colocados em<br />

estágios cronológicos sucessivos, permitem já esboçar em suas grandes linhas a<br />

evolução dessa indústria, que se anuncia predominantemente levalloisiense. To<strong>da</strong>s<br />

essas pesquisas convergem para demonstrar a existência de um antigo período<br />

acheulense -levalloisiense seguido de outro, marcado por núcleos maciços que<br />

se tornam progressivamente menores e mais refinados. Numa fase mais recente,<br />

aparecem sobre as lascas laminares 7 muitos retoques secundários de aparência<br />

musteriense, assim como diversos utensílios. Se essas indústrias apresentam<br />

elementos semelhantes aos de outras indústrias africanas, devemos mencionar<br />

ain<strong>da</strong> uma tipicamente egípcia, que nunca foi encontra<strong>da</strong> em nenhum outro<br />

6 Essas descobertas <strong>da</strong>tam de 1976. Elas foram feitas em Bir Terfawi e Bir Sahara.<br />

7 A partir desse período encontraram -se duas técnicas de lascamento: a levalloisiense clássica e o<br />

desprendimento de lâminas alonga<strong>da</strong>s. Entre essas duas técnicas, existem muitas outras formas de transição.<br />

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