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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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74 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

<strong>da</strong>s chefias. No curso <strong>da</strong> história e ao acaso <strong>da</strong>s conquistas, países anexados se<br />

unirão ao antigo núcleo étnico, ao território permanente.<br />

Houve então, num <strong>da</strong>do momento, um processo de conquista e aculturação-<br />

-assimilação entre os povos aparentados e vizinhos (Fon, Mahi, Ala<strong>da</strong>, Savi,<br />

Ju<strong>da</strong>, etc.). O “reino” torna -se, a partir <strong>da</strong>í, um Estado pluriétnico, estruturado e<br />

centralizado graças a uma forte organização administrativa e militar, e também<br />

a uma economia dirigi<strong>da</strong> e dinâmica. Às vésperas <strong>da</strong> penetração colonial, o<br />

reino de Danxome constituía um ver<strong>da</strong>deiro Estado -Nação, onde o diálogo e<br />

a palavra, a adesão <strong>da</strong>s populações (através <strong>da</strong>s chefias), eram um princípio de<br />

governo.<br />

A palavra “reino” não tem portanto a mesma acepção em to<strong>da</strong> a <strong>África</strong>.<br />

Nesse sentido, os dois exemplos <strong>da</strong>dos, do Kongo e de Danxome, são bastante<br />

eluci<strong>da</strong>tivos. É necessário, por conseguinte, que o historiador seja bastante<br />

cui<strong>da</strong>doso ao empregar esse termo. Deve -se notar ain<strong>da</strong> que, enquanto no Kongo<br />

a chefia corresponde a um sistema de governo, no antigo reino de Danxome<br />

(Abomey), ela é um modo de descentralização administrativa.<br />

Quanto ao termo “feu<strong>da</strong>lismo”, no campo de observação constituído pela<br />

Europa ocidental (não entendi<strong>da</strong> apenas em seus limites geográficos), pode-<br />

-se compreendê -lo no sentido dos medievalistas com tendência jurídica: o<br />

feu<strong>da</strong>lismo é o que se refere ao feudo (surgido em torno dos séculos X -XI) e<br />

o conjunto de relações (leal<strong>da</strong>de, homenagem e obrigações) que liga o vassalo<br />

ao senhor, proprietário do domínio. Os camponeses, que não fazem parte <strong>da</strong><br />

cama<strong>da</strong> superior <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, não são considerados nesta acepção <strong>da</strong> palavra.<br />

Os marxistas, ao contrário, dão um sentido mais amplo ao vocábulo<br />

“feu<strong>da</strong>lismo”: é um modo de produção caracterizado pela exploração econômica<br />

<strong>da</strong>s classes inferiores (os servos) pelas classes dirigentes (os senhores feu<strong>da</strong>is). Os<br />

servos estão ligados à gleba e dependem do senhor. Este não pode mais matar<br />

o servo, mas pode vendê -lo (proprie<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong> ao trabalhador). A servidão<br />

substitui a escravidão, mas muitos aspectos <strong>da</strong> condição desta última estão ain<strong>da</strong><br />

presentes. Os servos, ou os camponeses, não estão associados à gestão dos negócios<br />

públicos e também não assumem funções administrativas. Do ponto de vista <strong>da</strong><br />

evolução <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des europeias, o regime feu<strong>da</strong>l é uma etapa intermediária no<br />

processo de formação <strong>da</strong> economia capitalista. No entanto, muitos marxistas ain<strong>da</strong><br />

misturam a noção política de feu<strong>da</strong>lismo e a noção socio econômica de senhoria,<br />

que, graças a Marx, os historiadores aprenderam a distinguir desde 1847.<br />

Seja qual for o sentido em que o termo é empregado, pode -se dizer que os<br />

regimes medievais europeus se assemelham aos <strong>da</strong> <strong>África</strong> negra pré -colonial?<br />

Só os estudos sociais comparativos (ain<strong>da</strong> bastante raros) poderão fornecer

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