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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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480 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Inferior africano, os bifaces e as achas de mão. Vamos nos deter apenas no<br />

primeiro ponto.<br />

Em razão <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> difusão <strong>da</strong> Pebble Culture, os pré-<br />

-historiadores dá <strong>África</strong> desejavam uma cronologia mais longa que aquela,<br />

já de difícil aceitação, que conferia 1 milhão de anos ao Quaternário, sendo<br />

a <strong>da</strong>tação <strong>da</strong> indústria olduvaiense pelo método do potássio -argônio (de<br />

1.850.000 a 1.100.000 anos para a Bed I) reforça<strong>da</strong> pela do chopping ‑tool<br />

do Omo (entre 2.100.000 e 2.500.000 anos) e em segui<strong>da</strong> pela <strong>da</strong>tação <strong>da</strong><br />

jazi<strong>da</strong> do lago Turkana (2.600.000 anos). Mas esta última indústria, embora<br />

contenha muitos seixos trabalhados, não pertence em sua totali<strong>da</strong>de à Pebble<br />

Culture. É uma indústria de lascas. Em 1972, recolheram -se lascas, talvez<br />

menos conclusivas, no Omo. Podemos in<strong>da</strong>gar, portanto, se a transformação<br />

dos seixos em pebble ‑tools não foi precedi<strong>da</strong> pelo uso de lascas destaca<strong>da</strong>s<br />

de um bloco qualquer de matéria -prima. Mas nesse ponto chegamos aos<br />

limites <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de atribuição a uma causa não -natural: se os sinais<br />

de lascamento não são claros (talão -bulbo), se devemos <strong>da</strong>r ênfase aos<br />

“retoques para utilização”, voltamos ao velho problema dos eólitos.<br />

Então, a única explicação possível é a intervenção de um hominídeo.<br />

Mas até onde devemos ousar? A hipótese mais au<strong>da</strong>ciosa foi levanta<strong>da</strong> por<br />

L. Leakey, que atribuiu ao Kenyapithecus “bone ‑bashing activities”, ou seja,<br />

sugeriu que ele teria utilizado um pe<strong>da</strong>ço de lava (lump of lava), lascado por<br />

percussão (battered) e marcado (bruised) pelo uso, e um osso longo com uma<br />

depressão causa<strong>da</strong> por fratura (depressed fracture) 4 .<br />

Neste ponto, os problemas <strong>da</strong>s indústrias do osso e <strong>da</strong> pedra em sua origem<br />

são os mesmos. Nenhuma prova tecnológica ou morfológica pode ser obti<strong>da</strong>. Não<br />

há nenhum sinal “clássico” de ação humana. De fato, o único argumento positivo<br />

é a existência inexplicável de lascas junto aos restos do Kenyapithecus. Mas a<br />

eliminação do trabalho <strong>da</strong> natureza (lusus naturae) não afasta a possibili<strong>da</strong>de do<br />

uso por um antropoide pré -homíni<strong>da</strong>. O que anteriormente dissemos a respeito<br />

do comportamento dos chimpanzés demonstra a pertinência dessa hipótese.<br />

Na opinião dos pré -historiadores <strong>da</strong> <strong>África</strong>, ain<strong>da</strong> que os instrumentos de<br />

osso e de pedra atestem que há mais de 2.500.000 anos estava em marcha um<br />

processo cerebral de hominização, não foi nessa época que ele se iniciou.<br />

4 LEAKEY, L. S. B. “Bone smashing by Late Miocene Hominid”, Nature, 1968.

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