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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Descoberta e difusão dos metais e desenvolvimento dos sistemas sociais até o século V antes <strong>da</strong> Era Cristã<br />

em grande parte na família, manteve -se provavelmente durante quase todo o<br />

período que vai de -3000 ao século V antes <strong>da</strong> Era Cristã. Será apenas no final<br />

desse período que o vale do Nilo, entre a Primeira Catarata e a confluência do<br />

Nilo Branco e do Nilo Azul (talvez ain<strong>da</strong> mais ao sul) conhecerá um regime<br />

social provavelmente semelhante ao do vale egípcio.<br />

Levando -se em conta o caráter estático desses sistemas sociais ao longo<br />

desse período, sua evolução será objeto de uma rápi<strong>da</strong> exposição. Insistiremos,<br />

sobretudo, em dois fatos culturais que caracterizam esse período: a descoberta<br />

e a difusão do bronze e, muito mais tarde, do ferro.<br />

Evolução dos sistemas sociais<br />

Em virtude <strong>da</strong> falta de documentos jurídicos, a organização social no vale<br />

inferior é conheci<strong>da</strong> apenas de modo incompleto. De acordo com os autores<br />

clássicos, entre outros Heródoto e Estrabão, a socie<strong>da</strong>de egípcia teria sido<br />

dividi<strong>da</strong> em castas rígi<strong>da</strong>s. Tal afirmação certamente é falsa, exceto, talvez,<br />

para os militares, no final do período faraônico. Assim, nunca existiu a “classe<br />

dos sacerdotes”, como pretende Estrabão. Nem é certo que tenha havido uma<br />

classe de escravos, no sentido que atribuímos à palavra 64 . Na ver<strong>da</strong>de, o sistema<br />

social egípcio, na época histórica, é bastante flexível. Está baseado mais na<br />

exploração do solo, no desenvolvimento do país do que em um direito rígido.<br />

Como a moe<strong>da</strong> nunca foi utiliza<strong>da</strong> no Egito, o indivíduo deve estar ligado a<br />

uma organização que lhe forneça alimento, roupas e habitação, qualquer que<br />

seja sua posição social.<br />

A mais simples dessas organizações é a proprie<strong>da</strong>de familiar. Se a terra<br />

pertence ao faraó, o direito de cultivá -la é às vezes atribuído a um particular,<br />

que pode transmiti -lo a seus herdeiros 65 . Sempre houve proprie<strong>da</strong>des familiares<br />

desse tipo, frequentemente exíguas, nas quais o próprio chefe de família distribui<br />

a ren<strong>da</strong> a seu gosto, e a família, lato sensu, fica na sua inteira dependência. A<br />

única obrigação do chefe de família é cumprir os deveres para com o Estado:<br />

impostos, corveias, prestação de serviços.<br />

Ao lado <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des familiares, existem as proprie<strong>da</strong>des religiosas<br />

e reais, muito mais importantes. As proprie<strong>da</strong>des religiosas, sobretudo a<br />

partir <strong>da</strong> XVIII dinastia (após -1580), eram por vezes muito ricas. Assim, a<br />

64 Cf. as pertinentes observações de G. POSENER em G. POSENER, S. SAUNERON e J. YOYOTTE,<br />

1959, s. v. Esclavage, p. 107.<br />

65 J. PIRENNE, 1932, p. 2006-11 e G. POSENER, 1959, p. 76 e 107.<br />

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