29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

6 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

resultado não foi sempre, e em geral não de forma imediata, a produção de obras<br />

de história <strong>da</strong> <strong>África</strong>.<br />

A costa <strong>da</strong> Guiné foi a primeira região <strong>da</strong> <strong>África</strong> tropical descoberta<br />

pelos europeus; ela foi o tema de to<strong>da</strong> uma série de obras a partir de 1460,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente (Ca<strong>da</strong>mosto), até o início do século XVIII (Barbot e<br />

Bosman). Uma boa parte desse material é de grande valor histórico, porque<br />

fornece testemunhos diretos e <strong>da</strong>tados, graças aos quais podem -se situar várias<br />

outras relações de caráter histórico. Há também nessas obras abun<strong>da</strong>nte material<br />

histórico (entendido como não -contemporâneo), sobretudo em Dapper (1688),<br />

que, ao contrário <strong>da</strong> maioria dos demais autores, não era um observador direto,<br />

mas apenas um compilador de relatos alheios. Porém, o objetivo essencial de<br />

todos esses autores era mais descrever a situação contemporânea do que fazer<br />

história. E é somente agora, depois que uma boa parte <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

ocidental foi reconstituí<strong>da</strong>, que podemos avaliar corretamente muitas <strong>da</strong>s<br />

afirmações que eles fizeram 8 .<br />

Nas outras regiões que despertaram o interesse dos europeus nos séculos<br />

XVI e XVII a situação era um pouco diferente. Isso talvez se deva ao fato<br />

de terem sido o campo de ativi<strong>da</strong>de dos primeiros esforços missionários, ao<br />

passo que o principal motor <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des europeias na Guiné foi sempre o<br />

comércio. Enquanto os africanos forneciam as mercadorias que os europeus<br />

desejavam comprar, como era em geral o caso <strong>da</strong> Guiné, os negociantes não<br />

se sentiam impelidos a mu<strong>da</strong>r a socie<strong>da</strong>de africana; eles se contentavam em<br />

observá -la. Os missionários, ao contrário, sentiam -se obrigados a tentar alterar<br />

o que encontravam e, nessas condições, um certo grau de conhecimento <strong>da</strong><br />

história <strong>da</strong> <strong>África</strong> poderia ser -lhes útil. Na Etiópia, as bases já existiam. Podia-<br />

-se aprender o gueez e aperfeiçoar seu estudo, bem como utilizar as crônicas e<br />

outros escritos nessa língua. Obras históricas sobre a Etiópia foram elabora<strong>da</strong>s<br />

por dois eminentes pioneiros entre os missionários, Pedro Paez (morto em<br />

1622) e Manoel de Almei<strong>da</strong> (1569 -1646), e uma história completa foi escrita<br />

por um dos primeiros orientalistas <strong>da</strong> Europa, Hiob Ludolf (1634 -1704) 9 . No<br />

baixo vale do Congo e em Angola, assim como no vale do Zambeze e em suas<br />

imediações, os interesses comerciais eram provavelmente mais fortes que os<br />

8 The Voyages of Ca<strong>da</strong>mosto, comenta<strong>da</strong>s por G. R. CRONE, 1937; John BARBOT, 1732; William<br />

BOSMAN, edição comenta<strong>da</strong>, 1967.<br />

9 Em C. BECCARI, Rerum Aethiopicarum Scriptores Occidentales lnediti (Roma, 1905 -1917), a obra de<br />

Paez se encontra nos volumes 2 e 3 e a de Almei<strong>da</strong>, nos volumes 5 e 7; existe uma tradução parcial em<br />

inglês <strong>da</strong> obra de ALMEIDA em C. F. BECKINGHAM e G. W. B. HUNTINGFORD, Some Records<br />

of Ethiopia, 1593 -1646 (1954). A Historia Aethiopica de LUDOLF foi publica<strong>da</strong> em Frankfurt, em 1681.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!