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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

<strong>da</strong> evangelização. Ocorre porém que, em seu conjunto, a socie<strong>da</strong>de africana<br />

tradicional não estava disposta a fornecer aos europeus o que eles desejavam, a<br />

não ser que sofresse pressões consideráveis. O resultado é que ela foi obriga<strong>da</strong><br />

a mu<strong>da</strong>r de modo tão drástico que mesmo os ensaios descritivos dificilmente<br />

podiam deixar de ser em parte históricos. De fato, importantes elementos de<br />

história podem ser encontrados em livros de autores como Pigafetta e Lopez<br />

(1591) e Cavazzi (1687). Em 1681, Cadornega publica uma <strong>História</strong> <strong>da</strong>s Guerras<br />

Angolanas 10 .<br />

A partir do século XVIII, parece que a <strong>África</strong> tropical recebeu dos historiadores<br />

europeus a atenção que merecia. Era possível, por exemplo, utilizar como fontes<br />

históricas os autores mais antigos, sobretudo os descritivos – como Leão, o<br />

Africano, e Dapper –, de maneira que as histórias e geografias universais <strong>da</strong><br />

época, como The Universal History, publica<strong>da</strong> na Inglaterra entre 1736 e 1765,<br />

podiam consagrar um número apreciável de páginas à <strong>África</strong> 11 . Houve também<br />

ensaios monográficos, como é o caso <strong>da</strong> <strong>História</strong> de Angola, de Silva Correin<br />

(cerca de 1792), <strong>da</strong> Some Historical account of Guinea, de Benezet (1772) e <strong>da</strong>s<br />

duas histórias do Daomé: Memórias do Reino de Bossa Ahadée, de Norris (1789)<br />

e History of Dahomey, de Dalzel ( 1793). Mas uma advertência se faz necessária<br />

aqui. O livro de Silva Correin só foi publicado neste século 12 . E a razão pela<br />

qual as três obras menciona<strong>da</strong>s acima foram publica<strong>da</strong>s naquela época deve -se<br />

ao fato de que, no fim do século XVIII, começava a acirrar -se a controvérsia em<br />

torno do tráfico de escravos, que tinha sido o principal elemento <strong>da</strong>s relações<br />

entre a Europa e a <strong>África</strong> tropical havia pelo menos 150 anos. Dalzel e Norris,<br />

ambos recorrendo à sua experiência no comércio de escravos no Daomé, assim<br />

como Benezet, desempenharam o papel de historiadores, mas seus trabalhos<br />

tinham como objetivo fornecer argumentos a favor ou contra a abolição do<br />

tráfico negreiro.<br />

Se não fosse por isso, não se tem como certo que esses livros tivessem<br />

encontrado compradores, pois nessa época a principal tendência <strong>da</strong> cultura<br />

europeia começava a considerar de forma ca<strong>da</strong> vez mais desfavorável as<br />

socie<strong>da</strong>des não -europeias e a declarar que elas não possuíam uma história<br />

digna de ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Essa mentali<strong>da</strong>de resultava sobretudo <strong>da</strong> convergência<br />

10 CADORNEGA, A. de Oliveira. Historia General <strong>da</strong>s Guerras Angolanas. Comenta<strong>da</strong> por M. DELGADO<br />

e A. CUNHA (Lisboa, 1940 -1942).<br />

11 A edição in ‑folio <strong>da</strong> Universal History compreende 23 volumes, dos quais 16 são consagrados à história<br />

moderna, contendo estes últimos dois volumes sobre a <strong>África</strong>.<br />

12 Lisboa, 1937.<br />

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