29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

300 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

em -5000 ou -6000 aproxima<strong>da</strong>mente, enquanto, muito antes disso, a existência<br />

de condições climáticas adequa<strong>da</strong>s ao desenvolvimento <strong>da</strong> criação de gado e<br />

<strong>da</strong> protocultura na área entre o vale do Indus e o oceano Atlântico favorecia o<br />

surgimento de uma socie<strong>da</strong>de onde começam a se delinear as classes e o Estado.<br />

Assim, o Crescente Fértil representa apenas o desenvolvimento final e o<br />

testemunho de um vasto domínio fervilhante de vi<strong>da</strong>, onde os homens iam aos<br />

poucos se familiarizando com as gramíneas selvagens, passando a domesticá -las<br />

assim como ao gado de grande porte, ovinos e caprinos. Esse cenário grandioso<br />

é atestado pelo estudo de pinturas e gravuras rupestres do Saara, pela <strong>da</strong>tação<br />

obti<strong>da</strong> por radiocarbono, pela análise de polens fósseis, etc. Pode -se esperar que<br />

alguns esquemas cronológicos sejam reajustados dependendo <strong>da</strong> precisão que<br />

se puder obter futuramente. No entanto, desde já, podemos afirmar que a teoria<br />

sobre o povoamento <strong>da</strong> <strong>África</strong> aqui referi<strong>da</strong> está completamente desacredita<strong>da</strong>.<br />

Deve -se reconhecer o papel <strong>da</strong> <strong>África</strong> como pólo de disseminação, no que<br />

se refere tanto aos homens quanto às técnicas, em um dos mais importantes<br />

períodos <strong>da</strong> história humana (Paleolítico Inferior). Em épocas posteriores,<br />

vêem -se aparecer correntes migratórias inversas, de volta ao continente africano.<br />

Problemas antropológicos e linguísticos<br />

Em geral, os indicadores antropológicos fornecem referências mais estáveis<br />

que os fatos <strong>da</strong> língua, que sofrem transformações rápi<strong>da</strong>s, por vezes no espaço<br />

de algumas gerações. É o que acontece quando um povo emigra para um novo<br />

meio linguístico, ou, ain<strong>da</strong>, em caso de invasão, quando os conquistadores e os<br />

autóctones falam línguas diferentes. Assim, observa -se que a população negra<br />

norte -americana manteve praticamente intacto seu tipo antropológico original,<br />

sob um clima e num meio geográfico muito diferentes dos que prevaleciam<br />

em seu continente de origem, enquanto do ponto de vista linguístico e cultural<br />

assemelha -se à população branca dos Estados Unidos. Os elementos <strong>da</strong> antiga<br />

civilização africana subsistem apenas nos domínios cultural e espiritual: música,<br />

<strong>da</strong>nça e crenças religiosas. Um caso semelhante é o dos Sidi, descendentes dos<br />

africanos que foram transferidos, séculos atrás, <strong>da</strong> costa leste <strong>da</strong> <strong>África</strong> para<br />

a Índia. No início do século XIX, esses povos ain<strong>da</strong> conservavam sua própria<br />

língua, mas atualmente falam as línguas dos povos hindus entre os quais vivem<br />

– gujarati, urdu e outras –, sendo o tipo físico o único indício de sua origem<br />

africana.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!