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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas a partir do século XV<br />

A costa africana oriental pode ser compara<strong>da</strong> com o Sudão quanto ao número<br />

de suas crônicas. Há crônicas de muitas ci<strong>da</strong>des, escritas em árabe ou em kiswahili<br />

(em escrita árabe), que fornecem listas de reis e narrativas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> política. Somente<br />

a crônica de Kilwa é realmente antiga. Foi composta em 1530 aproxima<strong>da</strong>mente<br />

e chegou até nós em duas versões diferentes, uma transmiti<strong>da</strong> por de Barros, e<br />

a outra copia<strong>da</strong> em Zanzibar em 1877 85 . As crônicas, na sua maioria, só foram<br />

compila<strong>da</strong>s recentemente, embora algumas remontem à segun<strong>da</strong> metade do<br />

século XVIII. Muitas delas se concentram em acontecimentos anteriores à<br />

chega<strong>da</strong> dos portugueses. Constituem, de certa forma, registros de tradições<br />

orais e devem ser trata<strong>da</strong>s e avalia<strong>da</strong>s como tais 86 . Um número considerável<br />

de manuscritos ain<strong>da</strong> pertence a coleções particulares. Desde 1965, mais de<br />

30 mil páginas de manuscritos swahili (e árabes também) foram descobertas,<br />

e é de se esperar que, quando to<strong>da</strong> a costa tiver sido completamente explora<strong>da</strong>,<br />

encontremos materiais que venham esclarecer muitos aspectos desconhecidos<br />

<strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental 87 . Além <strong>da</strong>s crônicas <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, outros gêneros<br />

literários podem ser utilizados com proveito pelos historiadores, como, por<br />

exemplo, a poesia swahili, nota<strong>da</strong>mente o poema al ‑Inkishafi (composto na<br />

segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> do século XIX), que descreve a ascensão e o declínio de Pate 88 .<br />

A produção literária dos africanos em línguas europeias tem início dois<br />

séculos mais tarde que a re<strong>da</strong>ção em árabe. Como era de se esperar, os primeiros<br />

exemplares foram produzidos por indivíduos <strong>da</strong> costa ocidental, onde os contatos<br />

com o mundo exterior eram mais intensos que em qualquer outro ponto.<br />

Apesar dos nomes de Jacobus Captain (1717 -1747), A. William Amo (c.<br />

1703 -c. 1753) e Philip Quaque (1741 -1816), todos de origem fanti, não deverem<br />

ser esquecidos como os pioneiros <strong>da</strong> literatura africana em língua europeia, sua<br />

contribuição para a historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong> foi insignificante. Incomparavelmente<br />

mais importantes como fontes históricas são os trabalhos dos escravos libertados,<br />

<strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XVIII: Ignatius Sancho (1729 -1780), Ottobah<br />

Cugoano (c. 1745 -1800) e Oloduah Equiano (Gustavus Vasa; c. 1745 -1810?).<br />

Todos os três estavam especialmente interessados na abolição do comércio de<br />

escravos, e seus livros, embora polêmicos, fornecem muito material biográfico<br />

85 Analisado por FREEMAN -GRENVILLE, G. S. P. The Medieval History of the Coast of Tanganyika,<br />

Oxford, 1962.<br />

86 Sobre as crônicas árabes e swahili em geral, cf. FREEMAN -GRENVILLE, G. S. P., 1962; PRINS, A.<br />

H. J. 1958; ALLEN, J. W. T. 1959, p. 224 -27.<br />

87 A mais importante descoberta desse tipo nos últimos anos foi a de Kitab ‑al ‑Zanj (Livro dos Zanj), que<br />

trata <strong>da</strong> história <strong>da</strong> Somália do sul e do Quênia do norte; cf. CERULLI, E. 1957.<br />

88 Cf. HARRIES, L. 1962.<br />

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