29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

448 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

desses hominídeos, devemos pesquisar, portanto, entre os fósseis de símios<br />

dos últimos 30 milhões de anos, cujas tendências evolutivas se orientam para<br />

os traços que caracterizam o gênero Homo, ao qual pertencemos: locomoção<br />

sobre os membros posteriores com as consequentes transformações dos pés, <strong>da</strong>s<br />

pernas, <strong>da</strong> bacia, <strong>da</strong> orientação do crânio, <strong>da</strong>s proporções <strong>da</strong> coluna vertebral;<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> caixa craniana; redução <strong>da</strong> face; arredon<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> arca<strong>da</strong><br />

dentária; redução dos caninos; curvatura do palato, etc.<br />

O Propliopithecus do Oligoceno Superior apresenta alguns discretos sinais<br />

dessas tendências, o que explica o entusiasmo sem dúvi<strong>da</strong> prematuro de certos<br />

autores, em considerá -lo como pertencente ao nosso gênero.<br />

As tendências observa<strong>da</strong>s no Ramapithecus são mais relevantes: seu cérebro<br />

parece ter atingido 400 cm³, o tamanho <strong>da</strong> face é reduzido, a arca<strong>da</strong> dentária<br />

é arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>, e os incisivos e caninos, também reduzidos, estão implantados<br />

verticalmente. Um outro primata, o Oreopithecus, de quem conhecemos o<br />

esqueleto completo, apresenta essas mesmas características cranianas e uma bacia<br />

de bípede ocasional. Podemos supor, portanto, que o esqueleto pós -craniano 2<br />

do Ramapithecus, que ain<strong>da</strong> não conhecemos, possa apresentar também esses<br />

primeiros indícios de a<strong>da</strong>ptação à postura ereta.<br />

Por outro lado, as tendências evolutivas do Australopithecus não deixam<br />

margem a dúvi<strong>da</strong>s. Esses bípedes permanentes têm pés humanos, mãos<br />

modernas, cérebro com nítido aumento de volume, caninos pequenos e face<br />

reduzi<strong>da</strong>. Não podemos deixar de considerá -los hominídeos.<br />

O gênero Homo, fim <strong>da</strong> cadeia, distingue -se dos Australopithecus por aumento<br />

<strong>da</strong> estatura, melhoria na postura ereta, crescimento do volume do cérebro, que, a<br />

partir <strong>da</strong> espécie mais antiga, pode atingir 800 cm³, e transformação <strong>da</strong> dentição<br />

com maior desenvolvimento dos dentes anteriores em relação aos laterais, em<br />

consequência <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça do regime alimentar, de vegetariano para onívoro.<br />

Vemos que o trabalho do paleontólogo é um estudo de anatomia comparativa<br />

e dinâmica ao mesmo tempo. Sabendo que a evolução parte sempre do mais<br />

simples para o mais complexo e do indiferenciado para o especializado, precisa<br />

encontrar fósseis que sejam suficientemente semelhantes mas também, levando<br />

em conta a i<strong>da</strong>de geológica, suficientemente diferentes do homem, cujos<br />

ancestrais ele está procurando.<br />

Os mais antigos primatas são os prossímios, grupo hoje representado pelos<br />

lêmures de Ma<strong>da</strong>gáscar, os tarsídeos <strong>da</strong>s Filipinas e <strong>da</strong> Indonésia e pelo pequeno<br />

galago <strong>da</strong> <strong>África</strong> tropical.<br />

2 Esqueleto pós -craniano é o conjunto do esqueleto menos o crânio.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!