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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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596 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

No fim do período maximal do Kamasiano, o Acheulense Inferior sucede<br />

às indústrias de seixos lascados. Estas ain<strong>da</strong> se apresentam em grande número,<br />

porém novos utensílios começam a aparecer: os bifaces e as machadinhas em<br />

particular. Estas últimas, bastante raras no início, rapi<strong>da</strong>mente passam a ocupar<br />

um lugar importante no conjunto de utensílios <strong>da</strong>quela cultura.<br />

O primeiro máximo kamasiano é seguido por uma fase modera<strong>da</strong>mente<br />

seca, durante a qual ocorrem novas formações de lateritos, ruptura de declives<br />

e depósitos de limos fluviais. A esse período está relacionado um Acheulense<br />

Médio, cujos utensílios em geral são feitos a partir de lascas frequentemente<br />

obti<strong>da</strong>s por meio de uma técnica de debitagem lateral chama<strong>da</strong> Victoria West I 3 .<br />

No segundo máximo do Kamasiano 4 menos acentuado que o primeiro, novos<br />

cascalhos são depositados, formando -se os terraços de 15 m no Kasai. O ciclo<br />

termina com o início de um novo período seco, em que ocorre a formação de<br />

novos lateritos. A evolução do Acheulense prossegue com uma nova técnica<br />

de debitagem – a Victoria West II – e com o desenvolvimento de um novo<br />

instrumento – o picão – que vai ocupar, na zona florestal, lugar de destaque<br />

dentre os conjuntos industriais que sucedem ao Acheulense.<br />

O período árido Pós -Kamasiano é o mais importante conhecido nessa região.<br />

O Saara estende -se em direção ao sul, e o deserto do Calaari, em direção ao norte.<br />

Alguns autores acreditam que a floresta equatorial tenha praticamente desaparecido,<br />

subsistindo apenas como florestas ciliares. Areias vermelhas desérticas acumulam-<br />

-se, em espessuras às vezes consideráveis; o Acheulense desaparece ou, antes,<br />

parece transformar -se, naquele mesmo local, em uma nova indústria denomina<strong>da</strong><br />

Sangoense, em particular na <strong>África</strong> equatorial e nas zonas florestais.<br />

Os utensílios se transformam. As machadinhas tornam -se raras e acabam por<br />

desaparecer; os bifaces passam a ser mais espessos e maciços; os picões tornam -se<br />

muito abun<strong>da</strong>ntes, e novos objetos, totalmente desconhecidos no Acheulense, vêm<br />

figurar no conjunto de utensílios: peças bifaces alonga<strong>da</strong>s, de grandes dimensões.<br />

Esses instrumentos seriam a<strong>da</strong>ptados à vi<strong>da</strong> em meio florestal. Há, entretanto,<br />

uma contradição no que diz respeito ao meio ambiente onde se desenvolveu o<br />

Sangoense, se se admite que a floresta equatorial tenha praticamente desaparecido<br />

no árido Pós -Kamasiano em que se situa essa indústria. Deve -se reconhecer que o<br />

Sangoense é uma <strong>da</strong>s indústrias africanas menos conheci<strong>da</strong>s atualmente.<br />

3 Nome <strong>da</strong>do a duas técnicas de debitagem levalloisiense observa<strong>da</strong>s particularmente nas indústrias<br />

recolhi<strong>da</strong>s nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s do Zambeze, em Vitória (Victoria Falls).<br />

4 Alguns autores consideram este segundo máximo kamasiano o “Kanjeriano”, o que dá quatro períodos<br />

úmidos em vez de três, dos quais um apresentaria duas fases bem distintas.

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