29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

646 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

França, o complexo Musteriense seguiu outros caminhos. O desenvolvimento<br />

do Magrebiense foi tão original que se chegou a adotar uma distinção específica,<br />

hoje não mais defensável. O Ateriense não passa de uma fácies evolutiva –<br />

própria de uma parte <strong>da</strong> <strong>África</strong> – do Musteriense; coincide com ele até no<br />

plano cronológico. A definição de R. Vaufrey de um “Paleolítico Superior” não<br />

é mais váli<strong>da</strong>.<br />

Anteriormente, alguns autores já haviam sugerido a existência de um<br />

“Musteriense de utensílios pedunculados”, <strong>da</strong> mesma forma como hoje<br />

empregamos o termo “musteriense de denticulados”. E, como a indústria <strong>da</strong><br />

jazi<strong>da</strong> epônima do Ateriense (Uede Djebbana, perto de Bir el -Ater, sul de<br />

Tebessa) nunca foi analisa<strong>da</strong> a fundo pelo seu descobridor, “Ateriense” permanece<br />

um nomen nudum, como dizia M. Antoine. Trata -se de uma evolução precoce<br />

do Musteriense, abrangendo o Magreb e o Saara de norte a sul, e ao mesmo<br />

tempo coincide cronologicamente com uma parte do Paleolítico Médio e com<br />

pelo menos o início do Paleolítico Superior.<br />

Entretanto, nossas referências cronológicas ain<strong>da</strong> são muito imprecisas. As<br />

correlações propostas por G. Camps com as <strong>da</strong>tas obti<strong>da</strong>s por MacBurney em<br />

Cirenaica são frágeis, pois a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s indústrias não foi demonstra<strong>da</strong>.<br />

O Ateriense é “muito discutível” (Camps) e o Iberomaurusiense não existe<br />

(Tixier). Relações estratigráficas puderam ser estabeleci<strong>da</strong>s com o Quaternário<br />

continental ou marinho, tanto no Saara quanto no Magreb, e tanto em cronologia<br />

relativa quanto absoluta. O quadragésimo milênio antes <strong>da</strong> Era Cristã não é, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, a <strong>da</strong>ta mais antiga que pode ser atribuí<strong>da</strong> à aparição do Ateriense. Nossa<br />

dificul<strong>da</strong>de vem dos limites <strong>da</strong> fidedigni<strong>da</strong>de do C14. Mas as <strong>da</strong>tas obti<strong>da</strong>s no<br />

Magreb e no Saara inscrevem -se entre -37.000 a -30.000, e constituem uma<br />

sequência coerente e plausível. O Ateriense é, portanto, no início, um Paleolítico<br />

Médio. Em segui<strong>da</strong>, é contemporâneo do Castelperroniense e do Aurignaciense,<br />

isto é, <strong>da</strong> primeira parte do Paleolítico Superior, ao menos na França. As relações<br />

com as formações quaternárias são concor<strong>da</strong>ntes. Há casos em que o Ateriense<br />

foi encontrado, em condição original, nas praias neotirrenienses, emergi<strong>da</strong>s<br />

exatamente no início <strong>da</strong> última grande regressão (em Karouba, por exemplo,<br />

perto de Mostaganem, Argélia ocidental). O fim deste interestádio Würmiano<br />

(Würm 1/2) ocorreu por volta de -48.000. As formações continentais que<br />

recobrem estas praias submersas no mar atual, geralmente rubifica<strong>da</strong>s e ricas<br />

em Ateriense, <strong>da</strong>tam <strong>da</strong> regressão que pode ter atingido 150 m.<br />

Seria muito delicado determinar lima <strong>da</strong>ta para o fim do Ateriense. A<br />

conquista do Saara é um fato, do mesmo modo que a evolução técnica <strong>da</strong><br />

indústria em formas mais ou menos anunciadoras do Neolítico.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!