29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

288 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

especializante, rapi<strong>da</strong>mente bloquea<strong>da</strong>, permaneceu embrionária. Em to<strong>da</strong> parte,<br />

o homem se a<strong>da</strong>pta culturalmente (roupas, habitat, alimentos, etc.), e não mais<br />

morfologicamente, a seu meio. O homem nascido nos trópicos (clima quente)<br />

evoluiu por muito tempo como australopiteco, Homo habilis e até mesmo Homo<br />

erectus.<br />

“Foi apenas durante a segun<strong>da</strong> glaciação que, graças ao controle eficaz do fogo, o Homo<br />

erectus optou por viver em climas frios. A espécie humana transforma -se de politípica<br />

em monotípica e esse processo de desraciação parece irreversível. Hoje, a humani<strong>da</strong>de<br />

inteira deve ser considera<strong>da</strong> como um único reservatório de genes intercomunicantes.” 5<br />

Em 1952, Livingstone publicava seu famoso artigo “Da não existência <strong>da</strong>s<br />

raças humanas”. Diante <strong>da</strong> enorme complexi<strong>da</strong>de e, portanto, <strong>da</strong> inconsistência<br />

dos critérios adotados para qualificar as raças, ele recomen<strong>da</strong>va a renúncia ao<br />

sistema lineano de classificação, sugerindo uma “árvore genealógica”. De fato,<br />

nas zonas não isola<strong>da</strong>s, a frequência de certos caracteres ou de certos genes<br />

evolui progressivamente em várias direções e as diferenças entre duas populações<br />

são proporcionais a seu distanciamento físico, de acordo com uma espécie de<br />

gradiente geográfico (cline). Relacionando ca<strong>da</strong> traço distintivo aos fatores de<br />

seleção e a<strong>da</strong>ptação que podem tê -lo favorecido, notamos frequências liga<strong>da</strong>s,<br />

ao que parece, muito mais a fatores tecnológicos, culturais e outros, que não<br />

coincidem de maneira nenhuma com o mapa <strong>da</strong>s “raças” 6 . Dependendo do critério<br />

adotado (cor <strong>da</strong> pele, índice cefálico, índice nasal, características genéticas e<br />

assim por diante), obtêm -se mapas diferentes. É por isso que alguns especialistas<br />

concluem, a partir <strong>da</strong>í, que “to<strong>da</strong> teoria <strong>da</strong>s raças é insuficiente e mítica”. “Os<br />

últimos progressos <strong>da</strong> genética humana são tais hoje em dia que nenhum biólogo<br />

admite a existência de raças na espécie humana” 7 . Biologicamente, a cor <strong>da</strong> pele é<br />

um elemento negligenciável em relação ao conjunto do genoma. De acordo com<br />

Bentley Glass, não há mais de seis pares de genes pelos quais a raça branca difere<br />

<strong>da</strong> raça negra. Os brancos frequentem ente diferem entre si num grande número<br />

de genes, o mesmo acontecendo com os negros. É por isso que a UNESCO,<br />

depois de ter organizado uma conferência de especialistas internacionais,<br />

declarou: “A raça é menos um fenômeno biológico do que um mito social”. 8<br />

5 MAYR, E. citado por RUFFIE, J. p. 115.<br />

6 Cf. MONTAGU. “Le Concept de Race”.<br />

7 RUFFIE, J. p. 116.<br />

8 Quatro declarações sobre a Questão Racial, UNESCO, Paris, 1969.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!