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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas a partir do século XV<br />

em menor número, europeus. São de extrema importância para os últimos vinte<br />

anos do século XIX os registros do Mahdiyya, que consistem em cerca de 80 mil<br />

documentos árabes, conservados, em sua maioria, em Cartum.<br />

Etiópia<br />

A situação <strong>da</strong> Etiópia é análoga à <strong>da</strong> <strong>África</strong> do Norte no que respeita às fontes<br />

escritas. Como nos países <strong>da</strong>quela região <strong>da</strong> <strong>África</strong>, na Etiópia o historiador tem<br />

à sua disposição uma grande varie<strong>da</strong>de de documentos, tanto internos como<br />

externos. Pode até empregar material de fontes opostas, para alguns períodos<br />

cruciais, caso, por exemplo, <strong>da</strong> invasão muçulmana de Ahmed Gran, na primeira<br />

metade do século XVI, coberta, do ponto de vista etíope, pela Crônica Real (em<br />

gueze) do Imperador Lebna Dengel, e, <strong>da</strong> visão muçulmana, pela detalha<strong>da</strong><br />

crônica escrita em 1543 pelo escriba de Gran, Arab Faqih, sem mencionar os<br />

registros portugueses de testemunhas oculares 28 .<br />

A re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Crônicas Reais iniciou -se no século XIII, e há, relativas a<br />

quase todos os reinos, mesmo durante o período de declínio, uma ou mais<br />

crônicas detalha<strong>da</strong>s, que registram os principais eventos <strong>da</strong> época 29 . Essa tradição<br />

perdurou por todo o século XIX e uma boa parte do século XX, como testemunha<br />

a Crônica Amárica do Imperador Menelik II 30 . Várias obras <strong>da</strong> literatura etíope,<br />

de diferentes gêneros, podem fornecer precioso material histórico, como, por<br />

exemplo, as hagiografias, as polêmicas religiosas, a poesia, as len<strong>da</strong>s, as histórias<br />

dos mosteiros, etc. Um documento único é a <strong>História</strong> dos Galla do Monge Bahrey<br />

(1593), testemunha ocular <strong>da</strong> invasão galla <strong>da</strong> Etiópia 31 . Um século mais tarde,<br />

Hiob Ludolf, o iniciador dos estudos etíopes na Europa, compila, a partir de<br />

informações forneci<strong>da</strong>s por um especialista etíope, uma <strong>da</strong>s primeiras histórias<br />

gerais do país 32 .<br />

Sendo o único país cristão que restou na <strong>África</strong>, a Etiópia naturalmente<br />

despertou muito mais interesse na Europa que as demais partes do continente,<br />

isso já desde o século XV. Não é de surpreender o grande número de estrangeiros<br />

viajantes, missionários, diplomatas, sol<strong>da</strong>dos, mercadores ou aventureiros que<br />

visitaram esse país e dele deixaram registro. São não apenas portugueses,<br />

28 ARAB FAQIH, 1897 -1901; CASTANHOSO, M. 1548; trad. inglesa, Cambridge, 1902.<br />

29 Cf. PANKHURST, R. 1966; BLUNDEL, H. W. 1923.<br />

30 Escrito por Gabré SELASSIÉ e traduzido para o francês, Paris, 1930 -1931.<br />

31 Cf. BECKINGHAM, C. F. e HUNTINGFORD, G. W. B., 1954. Além <strong>da</strong> história de BAHREY, esse<br />

livro contém trechos <strong>da</strong> History of High Ethiopia, de ALMEIDA, 1660.<br />

32 LUDOLF, Hiob, 1681; tradução inglesa, 1682 -1684.<br />

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