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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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676 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

o Marrocos; não se sabe muito bem como estes cro -magnoides se instalaram na<br />

<strong>África</strong> do Norte, nem como se dividiram nas duas etnias. O certo é que ambos<br />

foram “neolitizados” no próprio local. Os neolíticos de tradição iberomaurusiense<br />

que viviam próximos ao mar não puderam evitar sua influência. Caminhando ao<br />

longo <strong>da</strong> costa atlântica marroquina em direção ao sul, constata -se a existência<br />

de kiokennmöddings formados com conchas de moluscos e ostras, em segui<strong>da</strong><br />

com arcas (Arca senilis), aliás, ain<strong>da</strong> consumi<strong>da</strong>s no Senegal. O litoral do Saara<br />

marroquino e <strong>da</strong> Mauritânia foi ocupado por essa fácies muito particular, pouco<br />

ou na<strong>da</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, que se caracteriza por uma cerâmica pouco orna<strong>da</strong>, rude, de<br />

pedras de fogueira e por uma indústria lítica rara. Seria muito interessante saber<br />

como se formou e qual a sua origem, pois embora possa ter sofrido a influência<br />

de sua homóloga, o Iberomaurusiense, no Marrocos, na<strong>da</strong> sabemos sobre seus<br />

elementos constitutivos.<br />

O tenerense<br />

Uma quinta corrente que suscitou o interesse dos especialistas foi a identifica<strong>da</strong><br />

no Adrar Bous e batiza<strong>da</strong>, por essa razão, com o nome de “Tenerense”. Há<br />

pouco tempo, J. D. Clark, que esteve no local, sugeriu que tal corrente pode ser<br />

representativa do “Neolítico saariano”. Isso é impensável, a menos que o adjetivo<br />

“saariano” correspon<strong>da</strong> a uma região geográfica muito extensa!<br />

Por suas armaduras em flor de lótus, discos, raspadores côncavos espessos,<br />

elementos de serra, machados com garganta, assim como por sua tipologia e<br />

composição estatística, o Tenerense, descoberto por Joubert em 1941 76 , não<br />

pode ser considerado um Neolítico saariano clássico, pois esse termo se aplica<br />

mais especialmente às fácies su<strong>da</strong>nesas e capsienses, que cobrem a maior parte<br />

do Saara. Vaufrey, frequentem ente tentado pelo desejo de agrupar tudo no<br />

Neolítico de tradição capsiense 77 , afirma: “As influências egípcias reconheci<strong>da</strong>s<br />

no Saara argeliano penetraram em sua mais perfeita forma até o Hoggar”; e mais<br />

adiante: “Essas estações do Tenere representam um apogeu <strong>da</strong> indústria neolítica<br />

saariana, que evoca irresistivelmente o <strong>Pré</strong> -Dinástico egípcio” 78 . Assinalemos,<br />

entretanto, que, excluindo o Tenere, a influência egípcia não aparece niti<strong>da</strong>mente,<br />

a despeito do que afirma Vaufrey.<br />

76 JOUBERT, G. e VAUFREY, R. 1941 -1946, p. 325 -30.<br />

77 VAUFREY, R. 1938, p. 10 -29.<br />

78 VAUFREY, R. 1969, p. 66.

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