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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Fontes e técnicas específicas <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> – Panorama Geral<br />

Na ausência de qualquer documento escrito ou tradição oral, essas informações<br />

<strong>da</strong> arqueologia e <strong>da</strong> paleobotânica podem informar o historiador sobre a série<br />

de etapas que fizeram nossos ancestrais neolíticos passarem de uma economia<br />

de coleta a uma economia de produção. Além disso, esses fatos evidenciam<br />

por si mesmos um fluxo de relações entre as civilizações neolíticas, e não um<br />

difusionismo.<br />

Restos de cães, porcos, carneiros e cabras sugerem que a domesticação de<br />

animais começou, nos centros neolíticos do Oriente Próximo, mais ou menos<br />

na mesma época que a cultura <strong>da</strong>s plantas, entre 9000 e 8000 antes <strong>da</strong> Era<br />

Cristã. A partir disso, foi proposta uma cronologia teórica <strong>da</strong> domesticação dos<br />

diferentes grupos de animais. De início, os necrófagos, como o cão; em segui<strong>da</strong>,<br />

os animais nômades, como a rena; a cabra e o carneiro; e por fim os animais para<br />

os quais se impõe uma vi<strong>da</strong> sedentária: o gado grosso e os porcos. Os animais<br />

que podem servir de meio de transporte, como o cavalo, o asno e a lhama, teriam<br />

sido domesticados em último lugar. Esta cronologia geral, porém, não se refere<br />

sempre à <strong>África</strong>.<br />

O cavalo, que, como o boi e o asno, desempenhou um papel de “motor <strong>da</strong><br />

história” através dos tempos, só aparece na <strong>África</strong>, precisamente no Egito, no<br />

fim <strong>da</strong> invasão dos hicsos, cerca de 1600 antes <strong>da</strong> Era Cristã; como atestam<br />

fontes iconográficas e <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Escritura. Por volta do século XIII antes <strong>da</strong><br />

Era Cristã, ele foi transmitido, como animal de guerra, aos líbios e mais tarde,<br />

no início do primeiro milênio, aos núbios. Com exceção <strong>da</strong>s áreas atingi<strong>da</strong>s pela<br />

civilização romana, o resto <strong>da</strong> <strong>África</strong> só utilizaria amplamente o cavalo a partir<br />

<strong>da</strong>s conquistas árabes na I<strong>da</strong>de Média. Dois cavalos selados e arreados, ladeados<br />

por dois carneiros, faziam parte dos emblemas do rei do Mali, de acordo com o<br />

relato do escritor Ibn Battuta (1304 -1377).<br />

Quanto ao dromedário, o camelo de uma corcova, sua chega<strong>da</strong> à civilização<br />

africana também não é tardia. Esse animal aparece de forma suficientemente<br />

clara numa pintura rupestre, no Saara chadiano, no século III antes <strong>da</strong> Era<br />

Cristã. Os homens de Cambises o introduziram em 525 antes <strong>da</strong> Era Cristã no<br />

Egito, onde ele desempenharia importante papel nas comunicações entre o Nilo<br />

e o mar Vermelho. Sua penetração no Saara Ocidental ocorreu mais tarde. De<br />

fato, o camelo, que é essencialmente um animal do deserto, onde substitui com<br />

frequência o boi e o asno, foi difundido no Magreb ao que parece pelas tropas<br />

romanas de origem síria. Os berberes, refratários à paz romana e a sua forma<br />

de organizar a posse <strong>da</strong> terra, emanciparam -se graças ao camelo. Ele permitiu-<br />

-lhes estabelecerem -se além do limes, nas estepes e nos desertos. Os negros<br />

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