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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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130 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

não eram destinados ao público, mas apenas a um pequeno grupo de pessoas<br />

interessa<strong>da</strong>s. Compreendem, assim, principalmente, a correspondência oficial<br />

e particular, relatórios confidenciais de várias transações, registros comerciais,<br />

estatísticas, documentos particulares de diversos tipos, tratados e acordos, diários<br />

de bordo, etc. Esse material é a matéria -prima do historiador, já que oferece –<br />

ao contrário <strong>da</strong>s fontes narrativas, feitas com um propósito bem definido – um<br />

testemunho objetivo, isento, em princípio, de quaisquer segun<strong>da</strong>s intenções<br />

visando um vasto público ou a posteriori<strong>da</strong>de. Esse material é encontrado<br />

principalmente em arquivos e bibliotecas estatais ou particulares.<br />

A antiga ideia de que não há fontes escritas particulares suficientes para a história<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> já não tem fun<strong>da</strong>mento. Existem não apenas coleções extremamente<br />

ricas de documentos nas antigas metrópoles assim como extenso material na<br />

própria <strong>África</strong>, produzidos nos períodos pré -colonial e colonial, por instituições<br />

particulares ou liga<strong>da</strong>s aos Estados europeus, mas também coleções de material<br />

particular originárias dos próprios africanos, escritas em línguas europeias ou em<br />

árabe. Enquanto, anteriormente, esses documentos eram considerados rari<strong>da</strong>des,<br />

encontra<strong>da</strong>s somente em alguns lugares muito especiais, está claro agora que<br />

existe uma grande quanti<strong>da</strong>de de fontes escritas de origem africana em várias<br />

partes do continente e também nos arquivos europeus e asiáticos.<br />

Observemos, primeiramente, o material escrito em árabe. Para o período<br />

anterior ao século XIX, foram descobertos até agora somente exemplares isolados de<br />

correspondência, local e internacional, provenientes, sobretudo, <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental.<br />

Há cartas do sultão o otomano ao Mai Idris do Bornu (em 1578), descobertas<br />

em arquivos turcos, e alguma correspondência do sultão do Marrocos ao Askiya<br />

de Songhai e ao Kanta de Kebbi, também do fim do século XVI. O árabe era<br />

utilizado como língua diplomática não apenas pelas cortes islamiza<strong>da</strong>s do Sudão,<br />

mas também por governantes não -muçulmanos. O caso mais conhecido é o dos<br />

Asantehenes, que utilizaram os serviços de escribas muçulmanos, que escreviam<br />

em árabe, para redigir sua correspondência com seus vizinhos do norte, assim como<br />

com os europeus <strong>da</strong> região costeira. Algumas dessas cartas foram encontra<strong>da</strong>s na<br />

Biblioteca Real em Copenhague. A chancelaria árabe de Kumasi funcionou durante<br />

grande parte <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XIX, e o árabe também era utilizado para<br />

manter registros de decisões administrativas e judiciais, transações financeiras, etc.<br />

No outro lado <strong>da</strong> <strong>África</strong> tem -se como exemplo o tratado, escrito em árabe, entre o<br />

comerciante de escravos francês, Morice, e o sultão de Kilwa, no ano de 1776.<br />

O século XIX presenciou um aumento considerável <strong>da</strong> correspondência em árabe<br />

em todo o continente. Com o estabelecimento de Estados centralizados no Sudão<br />

houve um desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des administrativas e diplomáticas, tendo

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