29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

40 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

mais sobre a história de Roma que sobre a do País de Gales, <strong>da</strong> Escócia ou<br />

<strong>da</strong> Irlan<strong>da</strong> antes do século XVIII. Levando em conta as variantes ideológicas,<br />

o problema é praticamente o mesmo na Europa Oriental. Somente os países<br />

europeus de menor importância – os do grupo do Benelux ou <strong>da</strong> Escandinávia<br />

– parecem ter mais facili<strong>da</strong>de em considerar a Europa como um todo.<br />

Da mesma forma, o método norte -americano, fun<strong>da</strong>do (como seus homólogos<br />

europeus) na história <strong>da</strong> civilização, é sempre etnocêntrico. O problema que ele<br />

coloca é “Como nos tornamos aquilo que somos?” e não “Como a humani<strong>da</strong>de<br />

se tornou o que vemos hoje?”.<br />

À medi<strong>da</strong> que rejeitavam as tendências eurocêntricas de sua própria história<br />

nacional, cabia aos historiadores de ca<strong>da</strong> continente a tarefa de avançar em<br />

direção a uma história do mundo verídica, na qual a <strong>África</strong>, a Ásia e a América<br />

Latina tivessem um papel aceitável no plano internacional. Essa tendência<br />

manifestava -se particularmente nos historiadores cujos trabalhos tratavam de<br />

culturas diferentes <strong>da</strong>s suas e nos historiadores africanos que se propunham a<br />

escrever sobre a Ásia ou a América Latina, nos europeus e nos norte -americanos<br />

que começavam a interpretar a história <strong>da</strong> <strong>África</strong> ou <strong>da</strong> Ásia em proveito<br />

dos povos desses continentes, esforçando -se para ultrapassar os preconceitos<br />

eurocentristas.<br />

No âmbito desse esforço geral, o papel dos historiadores <strong>da</strong> <strong>África</strong> na própria<br />

<strong>África</strong> e fora dela – assumia particular importância, provavelmente pelo fato de<br />

a história africana ter sido mais negligencia<strong>da</strong> que a <strong>da</strong>s regiões não europeias<br />

equivalentes e porque os mitos racistas a desfiguraram ain<strong>da</strong> mais que a estas<br />

últimas. Em razão de seu caráter multiforme, o racismo é, como se sabe, um dos<br />

flagelos mais difíceis de extirpar. Teorizado sob diversas formas desde o século<br />

XVI, ele se encarnou na história de modo agudo, chegando ao genocídio em<br />

certos períodos: tráfico de negros, Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial. Sobrevive ain<strong>da</strong><br />

como um desafio monstruoso na <strong>África</strong> do Sul e em outras regiões, apesar dos<br />

trabalhos <strong>da</strong> UNESCO 3 e de outras instituições para demonstrar sua natureza<br />

irracional. Mas a cura dos preconceitos é demora<strong>da</strong>, pois o racismo se espalhou<br />

de forma difusa e imanente nos manuais escolares, nos filmes e programas de<br />

rádio e televisão facciosos, e na presença de “<strong>da</strong>dos” psíquicos mais ou menos<br />

conscientes trazidos às vezes pela educação religiosa e com mais frequência<br />

ain<strong>da</strong> pela ignorância e pelo obscurantismo. Nessa batalha, o ensino científico<br />

<strong>da</strong> história dos povos constitui a arma estratégica decisiva. A partir do momento<br />

3 Cf. capítulo 10, notas sobre “Raças e história na <strong>África</strong>”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!