29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

832 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

a -1700, aproxima<strong>da</strong>mente, isto é, mais do que todo o Egito forneceu. Nessa<br />

época o cobre é utilizado na fabricação de objetos de toucador, principalmente<br />

espelhos, armas e ferramentas, vasos, jóias, incrustações para móveis. Geralmente<br />

batido, é mol<strong>da</strong>do em raríssimos casos.<br />

O número e a quali<strong>da</strong>de dos objetos encontrados em Kerma 79 provam que<br />

o vale superior teve um papel importante na difusão <strong>da</strong> metalurgia do cobre<br />

na <strong>África</strong>, desde o segundo milênio <strong>da</strong> Era Cristã. A magnitude dessa difusão<br />

deve -se em grande parte à presença de minas de cobre no complexo geológico<br />

básico do Nilo.<br />

Durante muito tempo o vale do Nilo conheceu apenas o ferro meteórico 80 .<br />

É apenas no fim do século VIII antes <strong>da</strong> Era Cristã que o ferro começa a se<br />

difundir pelo vale inferior; um século depois é tão utilizado quanto o bronze e<br />

o cobre. Nessa época, é fundido e trabalhado no Egito nos centros de influência<br />

grega.<br />

O vale do Nilo ocupa então um lugar de destaque na difusão do ferro na<br />

<strong>África</strong> 81 . É possível que esse metal tenha sido trabalhado mais remotamente no<br />

vale superior do Nilo, do que no vale inferior, o que explicaria sua utilização<br />

frequente sob a XXV dinastia, originário de Dongola (por volta de -800). To<strong>da</strong>via,<br />

ain<strong>da</strong> que o vale superior dispusesse ao mesmo tempo de minério de ferro e de<br />

florestas para a fabricação do carvão vegetal necessário à metalurgia do ferro,<br />

é somente a partir do século I antes <strong>da</strong> Era Cristã, com o desenvolvimento <strong>da</strong><br />

civilização meroítica entre a Terceira e a Sexta Catarata, que o ferro se difundirá<br />

por vastas áreas 82 . Portanto, foi sobretudo como iniciadora <strong>da</strong> civilização de<br />

Meroé que a cultura nilótica de Napata (do século VII ao século IV antes <strong>da</strong><br />

Era Cristã) desempenhou um papel importante na difusão do ferro na <strong>África</strong>.<br />

79 G. A. REISNER, 1923, cap. 26, p. 176 -205.<br />

80 P. L. SHINNIE, 1971, p. 92 -94.<br />

81 A. LUCAS, 1962, op. cit., p. 235 -43.<br />

82 O papel de Meroé na difusão do ferro na <strong>África</strong> não é tão evidente quanto se acreditava há algum<br />

tempo; cf. P. L. SHINNIE, 1971, p. 94 -95; que cita também B. C. TRIGGER, 1969, p. 23 -50. Na<br />

ver<strong>da</strong>de Meroé não é o único centro possível de difusão. O ferro pôde ser difundido a partir <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

do Norte através <strong>da</strong>s rotas <strong>da</strong>s caravanas que cruzavam o Saara, cf. P. L. SHINNIE, 1967, p. 168 com<br />

uma referência a C. HUARD, 1960, p. 134 -78 e 1964, p. 49 -50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!