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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas a partir do século XV<br />

sido descoberto um abun<strong>da</strong>nte material desse tipo, principalmente no sultanato<br />

de Socotoe em seus emirados dependentes, de Guandu a A<strong>da</strong>maua, no Estado de<br />

Macina ou no Estado de Liptako e no Império de Bornu. Todos os governantes<br />

muçulmanos de grandes ou pequenos Estados mantinham correspondência intensa<br />

entre si e com as potências coloniais em desenvolvimento. Em muitos arquivos<br />

dos países <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental (e em alguns <strong>da</strong> Europa), encontram -se milhares<br />

de documentos em árabe de personali<strong>da</strong>des como al -Hadjdj’Umar, Ahmadu Seku,<br />

Ma -Ba, Lat Dyor, Mahmadu Lamine, Samory, al -Bakka’i, Rabih e muitos outros<br />

líderes e chefes de menor envergadura. As administrações coloniais em Serra Leoa,<br />

Guiné, Nigéria e Costa do Ouro também mantinham sua correspondência com<br />

eles em árabe. Existem cartas troca<strong>da</strong>s entre o paxá otomano de Trípoli e os xeques<br />

bornu, entre o sultão do Darfur e o Egito, entre Tombuctu e o Marrocos. O mesmo<br />

ocorreu com a <strong>África</strong> oriental; parece, entretanto, que os arquivos de Zanzibar não<br />

são tão ricos em documentos árabes, como poderia se esperar de uma ci<strong>da</strong>de com<br />

tão grandes interesses comerciais e políticos. Deve haver, evidentemente, um vasto<br />

número de documentos, com diversi<strong>da</strong>de de conteúdo, em coleções particulares; a<br />

reunião e catalogação de todos eles não será uma tarefa fácil, mas é indispensável no<br />

futuro próximo.<br />

Muitos textos foram escritos na escrita vai, que foi inventa<strong>da</strong> em 1833,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente, por Momolu Duwela Bukele, e expandiu -se muito<br />

rápi<strong>da</strong>mente entre o povo Vai, de modo que, no fim do século, quase todos a<br />

conheciam e empregavam correntemente, na correspondência particular e oficial,<br />

na manutenção <strong>da</strong>s contas e também na re<strong>da</strong>ção de leis costumeiras, provérbios,<br />

contos e fábulas. Muitos povos vizinhos, como os Mende, os Toma (Loma), os<br />

Gerze (Kpele) e os Basa, adotaram e a<strong>da</strong>ptaram a escrita vai, empregando -a com<br />

propósitos semelhantes 99 .<br />

No início do século XX o Sultão Njoya de Bamum (Camarões) inventou para<br />

a língua bamum uma escrita especial, que ele reformou quatro vezes durante<br />

sua vi<strong>da</strong>; mas, contrariamente à escrita vai, utiliza<strong>da</strong> geralmente pela maioria<br />

do povo, o conhecimento <strong>da</strong> escrita bamum permanecia restrito a um pequeno<br />

grupo <strong>da</strong> corte do sultão. To<strong>da</strong>via, Njoya compôs um grande volume sobre a<br />

história e costumes de seu povo nessa escrita, um livro no qual ele continuou<br />

a trabalhar durante muitos anos e que constitui um ver<strong>da</strong>deiro manancial de<br />

informações valiosas sobre o passado 100 .<br />

99 Cf. DALBY, D. A. 1967, p. 1-51.<br />

100 Histoire et coutumes des Bamum, rédigés sous la direction du Sultan Njoya. Trad. por P. Henri MARTIN,<br />

Paris, 1952. O original é mantido no palácio do sultão em Fumbam.<br />

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