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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A <strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> Oriental<br />

as comuni<strong>da</strong>des permanentes, organiza<strong>da</strong>s, a cerâmica tem um significado<br />

carregado de civilização, permitindo maior versatili<strong>da</strong>de com a introdução ou o<br />

aperfeiçoamento dos modos de preparar e cozinhar os alimentos.<br />

A morfologia dos povos ribeirinhos <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental e oriental<br />

provavelmente evoluiu; entretanto, os poucos restos de esqueletos descobertos<br />

indicam que sua origem era basicamente negroide 8 . Ao que parece, foram<br />

justamente a expansão e o progresso <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> economia “aquáticas”<br />

há 9 mil ou 10 mil anos que favoreceram a predominância de um tipo<br />

definitivamente negroide em to<strong>da</strong> a região do Sudão até o Médio e o Alto<br />

Nilo e a parte setentrional <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental. Esse fato provavelmente está<br />

associado à expansão geográfica e à subsequente dispersão e diferenciação <strong>da</strong><br />

grande família (ou phylum) linguística que Greenberg chamou de nilo -saariana,<br />

e que atualmente se encontra bastante fragmenta<strong>da</strong> na região que vai do Alto<br />

Níger até a Tanzânia central. Para um phylum tão amplamente difundido, tal<br />

fragmentação é indício de uma antigui<strong>da</strong>de de vários milhares de anos, maior<br />

ain<strong>da</strong> que a de outras famílias linguísticas (Níger -Congo e diversos ramos do<br />

afro -asiático) que penetraram nessa área <strong>da</strong> <strong>África</strong> central. Entre as áreas onde<br />

o nilo -saariano se manteve – inclusive seu ramo oriental, o Chari -Nilo –, estão<br />

as regiões ricas em lagos, pântanos e rios, nas quais o antigo modo de vi<strong>da</strong><br />

“aquático”, intimamente associado à língua nilo -saariana, conseguiu subsistir<br />

por mais tempo, embora tenha sofrido modificações.<br />

Essa exposição sobre a grande civilização dos meios aquáticos e as línguas nilo-<br />

-saarianas levou -nos mais longe do que conviria para o presente capítulo e para<br />

este volume. No entanto, é um aspecto muito importante até hoje negligenciado<br />

– <strong>da</strong> história dos povos <strong>da</strong> <strong>África</strong>, tendo influenciado consideravelmente as<br />

populações seguintes, suas culturas e economias, em grande extensão do<br />

continente, inclusive na <strong>África</strong> oriental.<br />

A partir de aproxima<strong>da</strong>mente 5 mil anos antes <strong>da</strong> Era Cristã, os efeitos do<br />

ressecamento geral do clima começaram a ser sentidos. O nível dos lagos baixou,<br />

e a economia de exploração dos recursos aquáticos sofreu um declínio, embora<br />

persistisse por mais algum tempo no Rift Valley do Quênia. Durante o segundo<br />

e o primeiro milênios antes <strong>da</strong> Era Cristã, novas populações, vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Etiópia,<br />

chegaram à região, trazendo gado e provavelmente algumas praticas agrícolas.<br />

8 A afirmação frequentemente encontra<strong>da</strong> relativa a origem caucasoide <strong>da</strong>s populações do Capsiense do<br />

Quênia baseia -se em uma interpretação incorreta dos trabalhos de Leakey em Gamble’s Cave e em<br />

outros sítios. Ver J. Afr. Hist. XV, 1974, p. 534.<br />

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