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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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514 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

apresentados com habili<strong>da</strong>de; porém, se não forem organiza<strong>da</strong>s e compreendi<strong>da</strong>s<br />

em função de uma cronologia e de um estágio de desenvolvimento, essas coleções<br />

terão pouco a dizer. Expressões populares como “vivendo na i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pedra” e<br />

“homem <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pedra” tornam -se igualmente vazias de sentido, quando<br />

basea<strong>da</strong>s na falsa ideia de que o homem e seu modo de vi<strong>da</strong> permaneceram<br />

estáticos naquela época histórica. Com efeito, o instrumental <strong>da</strong>s populações <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra diferia conforme o período e a região, e as próprias populações<br />

evoluíam cultural e fisicamente. A I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra foi testemunha de mutações<br />

e diferenciações no corpo e no cérebro humanos, na economia, na organização<br />

social e na cultura, a par do desenvolvimento técnico revelado por testemunhos<br />

arqueológicos. Convém observar que, se as mu<strong>da</strong>nças em todos os períodos <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra foram lentas em relação aos padrões modernos, nos primeiros<br />

tempos o foram ain<strong>da</strong> mais. Essas mu<strong>da</strong>nças são tanto mais rápi<strong>da</strong>s quanto mais<br />

nos aproximamos <strong>da</strong> época atual. Assim, o período mais recente <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Pedra foi o momento de uma maior especialização e diversificação regionais.<br />

Algumas vezes, características lentamente desenvolvi<strong>da</strong>s em um determinado<br />

local aparecem sob forma acaba<strong>da</strong> em outra região – em consequência de<br />

migrações ou contatos culturais –, <strong>da</strong>ndo a ideia de que nesta última tivesse<br />

ocorrido uma “revolução”. Desse modo, em termos de desenvolvimento, duas<br />

ou três gerações do fim <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra poderiam equivaler a meio milhão<br />

de anos no período inicial.<br />

Constatamos, então, que o estudo histórico <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra não se limita<br />

às pedras e aos utensílios. Ocasionalmente, o arqueólogo tem a sorte de fazer<br />

outras descobertas, sobretudo em sítios de habitação do fim <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra<br />

onde se preservaram testemunhos diretos de cozinha e de alimentos, sob a forma<br />

de pe<strong>da</strong>ços de carvão, vestígios de fogueiras e fragmentos de ossos de animais.<br />

Restos orgânicos primitivos são extremamente raros na <strong>África</strong>, exceto em alguns<br />

sítios onde as condições minerais favoráveis provocaram a fossilização de ossos<br />

antes que estes se decompusessem. Mas mesmo dispondo apenas de pedras,<br />

o arqueólogo deve tentar estender suas deduções e interpretações a domínios<br />

mais amplos.<br />

Em primeiro lugar, importa não o utensílio descoberto e examinado<br />

isola<strong>da</strong>mente, mas o conjunto dos utensílios encontrados em um sítio – de que<br />

constam diferentes varie<strong>da</strong>des de objetos – quer tenha sido este o local de<br />

habitação de um grupo, um acampamento temporário de caçadores, ou uma<br />

“oficina” onde se fabricavam utensílios.<br />

Muito mais comuns que os utensílios acabados são as lascas <strong>da</strong> debitagem e<br />

os núcleos de pedra (respectivamente, fragmentos lascados <strong>da</strong> massa primitiva

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