29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

390 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

definição, a melhor fonte, pois não existem. Conforme o momento e a região<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong>, a panóplia de provas históricas é coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por essa ou aquela fonte<br />

axial, desempenhando as demais um papel auxiliar e adventício. Dependendo<br />

do tema – uma desconheci<strong>da</strong> tribo Getula ou o reino de Jugurta, os Kirdi do<br />

norte de Camarões ou os Ashanti de Gana, os Kabye do norte do Togo ou o<br />

império de Gao retratado por Ta’Rikh al -Fattash – a fonte -mestra não será a<br />

mesma. Somente após a conclusão <strong>da</strong> pesquisa é que se a reconhecerá. Pois, se<br />

é a fonte que condiciona o resultado, é este que a justifica. Se tal for ver<strong>da</strong>de,<br />

pode -se antecipar, sem risco de erro, que, em se tratando <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong>,<br />

a interdisciplinari<strong>da</strong>de, longe de ser um luxo, é um dos <strong>da</strong>dos fun<strong>da</strong>mentais do<br />

método. De fato, não existe outra alternativa.<br />

A complementari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s fontes<br />

As fontes <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> são niti<strong>da</strong>mente complementares, tanto que<br />

ca<strong>da</strong> uma delas, isola<strong>da</strong>, apresenta -se com frequência mutila<strong>da</strong>, transmitindo<br />

apenas uma imagem imprecisa do real, que só a intervenção de outras fontes<br />

pode aju<strong>da</strong>r a definir.<br />

Isola<strong>da</strong>, a arqueologia corre o risco de tornar -se uma descrição ári<strong>da</strong>, uma<br />

atestação quase fúnebre pronuncia<strong>da</strong> impudentemente com base em pequena<br />

amostragem. E, se a única forma de corroborar ou invali<strong>da</strong>r as hipóteses<br />

formula<strong>da</strong>s fosse aguar<strong>da</strong>r o resultado de outras escavações, o ritmo <strong>da</strong>s<br />

descobertas tornar -se -ia intoleravelmente lento. Recoloca<strong>da</strong>, ao contrário, no<br />

contexto multiforme de vi<strong>da</strong> que ela pretende exumar, a arqueologia presta<br />

eminentes serviços às outras disciplinas ao mesmo tempo que delas se beneficia.<br />

Com efeito, a explicação de seus achados encontra -se frequentemente fora dela<br />

mesma. No Zimbabwe, por exemplo, foram as minas de ouro e a sua defesa,<br />

bem como a religião, que deram significado à maior parte <strong>da</strong>s subestruturas e<br />

superestruturas. Alhures, o conteúdo <strong>da</strong>s tumbas e a posição dos mortos nos<br />

mausoléus só encontram explicação nas crenças dos povos e na sua representação<br />

do além. Em contraparti<strong>da</strong>, quando, no norte de Gana, escavações desven<strong>da</strong>m<br />

um plano arquitetônico semelhante aos do Sudão saheliano, a arqueologia<br />

levanta ou resolve um interessante problema de influência cultural.<br />

O mesmo se dá com relação à arte africana, que, para iluminar a história,<br />

deve ser por ela ilumina<strong>da</strong>. Com efeito, a arte, sobretudo a arte pré -histórica, é<br />

condiciona<strong>da</strong> por uma multiplici<strong>da</strong>de de fatores, desde a geologia até as religiões,<br />

mitos, cosmogonias, passando pelas estruturas sócio -políticas e a sede de poder

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!