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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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248 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

de comunicação é um fenômeno histórico. Ela tem a sua própria história.<br />

Em segundo lugar, como alicerce do pensamento e, portanto, do passado e<br />

do conhecimento deste, ela é o lugar e a fonte privilegia<strong>da</strong> do documento<br />

histórico. Assim, a linguística, entendi<strong>da</strong> aqui em seu sentido mais amplo,<br />

abrange um campo de pesquisa que fornece à história pelo menos dois tipos<br />

de <strong>da</strong>dos: por um lado, uma informação propriamente linguística; por outro,<br />

um documento que se poderia chamar supralinguístico. Graças aos fatos de<br />

pensamento, aos elementos conceptuais utilizados numa língua e aos textos<br />

orais e escritos, ela permite que se leia a história dos homens e de suas<br />

civilizações.<br />

Estando a problemática assim defini<strong>da</strong>, fica mais fácil perceber a área comum<br />

ao historiador e ao linguista que trabalham com a <strong>África</strong>.<br />

Ciências linguísticas e história<br />

To<strong>da</strong>s as ciências que têm por objeto a língua e o pensamento podem<br />

contribuir para a pesquisa histórica. Algumas, porém, apresentam uma conexão<br />

mais direta com a história. Essa é uma tradição muito bem estabeleci<strong>da</strong>, embora<br />

possa ser contesta<strong>da</strong> à luz de uma reflexão mais profun<strong>da</strong>.<br />

Assim, é comum dizer que o estudo do parentesco <strong>da</strong>s línguas situa -se no<br />

ponto de encontro entre a linguística e a história, mais do que na análise <strong>da</strong><br />

evolução do material fornecido pelos textos escritos ou orais e pelos vocábulos<br />

de um idioma. Mas os dois tipos de pesquisa se referem a fatos de língua ou<br />

pensamento e, portanto, de história.<br />

A esse respeito, a historiografia europeia sugeriu uma separação entre ciência<br />

histórica propriamente dita e história literária ou história <strong>da</strong>s ideias. Mas essa<br />

distinção só se justifica em determinados contextos.<br />

Os Bakongo de civilização bantu, os Ibo de Benin ou os Susu de cultura<br />

su<strong>da</strong>nesa deixaram poucos textos (ou mesmo nenhum) que correspondem às<br />

normas de uma ciência histórica moderna. Em contraparti<strong>da</strong>, produziram, como<br />

fonte de informação, uma abun<strong>da</strong>nte literatura oral com gêneros distintos de<br />

modo relativamente nítido e obras que hoje seríamos tentados a classificar como<br />

contos, novelas, narrativas, crônicas de epopeias históricas, len<strong>da</strong>s, mitos, obras<br />

filosóficas ou cosmogônicas, reflexões técnicas, religiosas ou sagra<strong>da</strong>s. Nelas se<br />

mesclam o ver<strong>da</strong>deiramente vivido e a ficção, o evento que pode ser <strong>da</strong>tado e o<br />

mito puramente imaginário.

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