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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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316 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

social. Alguns grupos Bantu são matrilineares, outros, patrilineares; uns usam<br />

máscaras e mantêm socie<strong>da</strong>des secretas, outros não têm na<strong>da</strong> semelhante. O<br />

denominador comum é a estrutura linguística basea<strong>da</strong> em classes nominais,<br />

tendo sempre os índices dessas classes uma expressão fonética similar fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

num sistema verbal único.<br />

Nas savanas do Sudão, povos que falavam línguas com classes nominais em<br />

que as diferenças de tonali<strong>da</strong>de tinham um papel importante, aparentemente<br />

coexistiram durante longo tempo. À medi<strong>da</strong> que o Saara se dessecava, esses povos<br />

se retiravam para áreas mais úmi<strong>da</strong>s: as montanhas do norte, o vale do Nilo a<br />

leste, e o grande lago paleochadiano ao sul. Esses grupos de caçadores e criadores<br />

de gado suplantaram os povos autóctones, que foram forçados a se retirar para<br />

o sul, penetrando a floresta ou contornando -a pelo leste. Essas migrações não<br />

estão necessariamente relaciona<strong>da</strong>s com o início <strong>da</strong> difusão do ferro, mas é certo<br />

que o conhecimento de metalurgia que possuíam os povos recém -chegados<br />

conferia -lhes vantagem sobre os autóctones. As jazi<strong>da</strong>s de cobre assim como<br />

o trabalho antigo deste metal situam -se na mesma região que foi identifica<strong>da</strong><br />

por Guthrie como o ponto focal do domínio bantu, onde as línguas luba e<br />

bemba apresentam a maior porcentagem de palavras pertencentes ao vocabulário<br />

“comum a to<strong>da</strong>s as línguas bantu”. O desenvolvimento <strong>da</strong> manufatura do cobre<br />

impulsionou a posterior expansão <strong>da</strong> civilização. Quanto maior a distância do<br />

ponto focal, menor a pureza do tipo linguístico bantu, pois, na medi<strong>da</strong> dessa<br />

distância, aumenta a miscigenação dos povos de língua bantu com povos de<br />

outras línguas.<br />

Esse caso específico nos mostra que os conceitos de língua, tipo antropológico<br />

e civilização nunca devem ser confundidos, mas que, no povoamento gradual<br />

do continente por diferentes grupos humanos, o modo de produção deve ter<br />

frequentemente atuado como vetor principal <strong>da</strong> expansão linguística e mesmo<br />

<strong>da</strong> predominância de determina<strong>da</strong>s características biológicas.

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