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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas anteriores ao século XV<br />

herança grega, <strong>da</strong> herança iraniana, <strong>da</strong> própria tradição árabe a <strong>da</strong> compilação, a<br />

<strong>da</strong> observação concreta? Mas, por outro lado, deve -se exercer a crítica dos textos a<br />

partir do interior, isto é, com um conhecimento aprofun<strong>da</strong>do <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong>,<br />

tomando -se cui<strong>da</strong>do para não ler essa história apenas em fontes essencialmente<br />

geográficas. Mas é inadmissível o ponto de vista estritamente ideológico <strong>da</strong>queles<br />

que, por islamofobia 39 , preocupação mal coloca<strong>da</strong> de um africanismo introvertido,<br />

recusam o exame aprofun<strong>da</strong>do dessas fontes 40 .<br />

Da plêiade de geógrafos que, <strong>da</strong> metade do século IX a meados do século XI,<br />

concederam um lugar à <strong>África</strong> – quase todos estão nesse caso –, somente alguns<br />

transmitem uma informação original e séria: Ibn Khor<strong>da</strong>dhbeh, Ya’kub (morto<br />

em 897), al -Mas’udi (965), Ibn Hawkal (977), al -Biruni 41 . Ya’kub viajou pelo<br />

Egito e Magreb, deixando -nos um relatório substancial desses países. Tanto na<br />

sua Ta’rikh como em seus Bul<strong>da</strong>n 42 , encontram -se inúmeras informações relativas<br />

ao mundo negro: sobre a Etiópia, o Sudão, a Núbia, os Bejja, os Zendj. No Sudão,<br />

menciona os Zghawa do Kanem e descreve seu habitat; ao descrever o importante<br />

reino de Gana trata do problema do ouro, assim como, ao falar do Fezzan,<br />

refere -se ao problema dos escravos. São ain<strong>da</strong> mais detalhados os Masalik 43 ,<br />

de Ibn Hawkal, que visitou a Núbia e talvez o Sudão ocidental; sua descrição<br />

vale, sobretudo, pela ideia que dá <strong>da</strong>s relações comerciais entre o Magreb e o<br />

Sudão. Quase todos os outros geógrafos do século X fazem observações sobre a<br />

<strong>África</strong> negra: Ibn al -Fakih sobre Gana e Kuki; o viajante Buzurg Ibn Shariyan<br />

sobre a costa oriental e os Zendj; e Muhallabi, que conservou em seu tratado<br />

fragmentos de Uswani. Finalmente, o Campos de Ouro de al -Mas’udi (965)<br />

é rico em informações sobre os Zendj e a costa oriental. Desde cedo, esses<br />

39 Ver sobre esse assunto a posição bastante crítica de L. FROBENIUS e a de J. ROUCH: Contribution<br />

à l’histoire des Songhay. Dacar, 1953. Que denuncia, sobretudo, a deformação ideológica <strong>da</strong>s crônicas<br />

su<strong>da</strong>nesas.<br />

40 É ver<strong>da</strong>de que esses textos se aplicam sobretudo ao cinturão su<strong>da</strong>nês e que, por esse motivo, uma leitura<br />

unilateral <strong>da</strong>s fontes árabes, sem o auxílio <strong>da</strong> arqueologia, pode falsear a perspectiva. Mas não se pode<br />

dizer que faltava objetivi<strong>da</strong>de aos autores árabes. Quanto a lastimar o caráter fragmentário e desordenado<br />

de seus escritos, significaria abandonar o ponto de vista do historiador para adotar o do historiador <strong>da</strong><br />

literatura. Encontraremos julgamentos variados em N. LEVTZION. Será útil também referirmo -nos<br />

à comunicação de I. HRBEK no XII Congresso internacional <strong>da</strong>s ciências históricas em Viena (Atas,<br />

p. 311 e segs.). Ver também T. LEWICKI: Perspectives nouvelles sur l’histoire africaine, relatório do<br />

Congresso de Dar -es -Salam, 1971, e Arabic external sources for the History of Africa to the South of the<br />

Sahara, Wroclaw -Warszawa -Krakow, 1969.<br />

41 Ver Correio <strong>da</strong> <strong>Unesco</strong>, jun. 1974.<br />

42 Editado na Bibliotheca Geographorum arabicorum, t. 7, de GOEJE, como a maioria dos geógrafos árabes.<br />

A tradução de G. WIST, sob o título de Livre des Pays, é útil, mas nem sempre precisa.<br />

43 Kitab al -Masalik wa -l -Mamalik, B. G. A. II; KUBBEL, L. E. e MATVEÏEV, V. V. II, p. 33 e segs.<br />

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