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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A arte pré -histórica africana<br />

Cronologia e evolução<br />

Métodos… e dificul<strong>da</strong>des de <strong>da</strong>tação<br />

A aplicação do método estratigráfico à rocha in situ frequentemente se revela de<br />

pouca utili<strong>da</strong>de, pois o clima úmido que perdurou por longos períodos <strong>da</strong> pré -história<br />

provocou uma lixiviação profun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s que recobrem o solo dos abrigos.<br />

Contudo, na <strong>África</strong> do Sul encontram -se às vezes gravuras sob as pinturas; os restos<br />

de matérias orgânicas (pintura) caídos <strong>da</strong>s paredes numa cama<strong>da</strong> não explora<strong>da</strong><br />

podem fornecer alguns indícios. Mas os aterros e desaterros, às vezes intencionais,<br />

dessas cama<strong>da</strong>s confundem a <strong>da</strong>tação, mesmo relativa, que se poderia esperar obter.<br />

Recorre -se então, algumas vezes, às pátinas dos quadros e <strong>da</strong>s rochas -suporte,<br />

fazendo -se um estudo comparado de suas modificações cromáticas. Este método,<br />

que se mostra adequado já que leva em conta o próprio objeto em estudo, parte<br />

do princípio de que as pátinas mais claras e mais distintas <strong>da</strong> rocha -mãe são<br />

as mais recentes. Com efeito, a formação <strong>da</strong> pátina opera -se lentamente sobre<br />

to<strong>da</strong>s as rochas, inclusive os arenitos brancos. Trata -se de um processo análogo à<br />

laterização, através <strong>da</strong> qual os óxidos e carbonatos infiltrados sob forma líqui<strong>da</strong><br />

pela chuva ou pela umi<strong>da</strong>de voltam à superfície por capilari<strong>da</strong>de e, graças à<br />

evaporação, formam uma crosta sóli<strong>da</strong>, mais ou menos escura conforme sua<br />

antigui<strong>da</strong>de. Ter -se -ia então, tomando como referência a rocha local, uma base<br />

teórica de cronologia relativa. Mas são muitos os obstáculos: tudo vai depender<br />

<strong>da</strong> natureza <strong>da</strong> rocha, de ela estar ou não exposta ao sol, de ficar na direção do<br />

vento ou contra ele, etc. Essa cronologia é, pois, dupla ou triplamente relativa 2 .<br />

Outras vezes, para avaliar a antigui<strong>da</strong>de dos quadros, tomam -se por base os<br />

animais representados, já que nem to<strong>da</strong>s as espécies viveram nos mesmos grandes<br />

períodos. O búbalo, por exemplo, é uma espécie muito antiga, hoje extinta,<br />

conheci<strong>da</strong> apenas através <strong>da</strong>s ossa<strong>da</strong>s fósseis. Mas esses animais não podem ter<br />

sido reproduzidos como lembrança de um período anterior? Os estilos também<br />

não constituem, como veremos, um ponto de referência preciso; longe disso. É<br />

bem ver<strong>da</strong>de que, no começo, a observação parece ter sido predominante, donde<br />

uma veia seminaturalista característica. Por outro lado, as gravuras bubálicas do<br />

Saara são, em geral, anteriores às pinturas. Os objetos subjacentes que têm o<br />

mesmo tipo de decoração que as pinturas são, em princípio, contemporâneos<br />

destas. Mas não há, absolutamente, nenhuma regra geral.<br />

2 A deformação do perfil do traço que, nas gravuras, sob o efeito de processos físico -químicos, passa do V<br />

original para uma forma alarga<strong>da</strong> e rebaixa<strong>da</strong>, fornece apenas indicações muito vagas sobre a i<strong>da</strong>de do<br />

quadro.<br />

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