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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>História</strong> e linguística<br />

Os sistemas de escrita ideográfica, contudo, parecem ter resistido melhor que<br />

os hieróglifos em solo negro -africano ocidental. Na prática, a grande maioria<br />

dos povos negros <strong>da</strong> <strong>África</strong> está familiariza<strong>da</strong> com o ideograma, seja através <strong>da</strong>s<br />

técnicas divinatórias, seja pelo uso que delas fizeram os sacerdotes do culto, os<br />

gravadores de obras de arte, etc.<br />

A geomancia dos Gurmanche é muito elabora<strong>da</strong>. O tambipwalo (geomante)<br />

desenha signos na areia e os interpreta. Depois administra uma espécie de<br />

“receita”, que consiste em signos gravados a faca num pe<strong>da</strong>ço de cabaça. Esses<br />

signos abstratos designam os altares, os lugares aos quais é preciso ir para realizar<br />

os sacrifícios, o tipo de animal que deve ser imolado, quantas vezes, e assim por<br />

diante. Trata -se, de fato, de uma “escrita codifica<strong>da</strong>”.<br />

A adivinhação através dos signos do Fa também apresenta uma riqueza<br />

admirável. O adivinho joga nozes de palma de uma mão para outra oito vezes<br />

e, de acordo com o número de nozes que ficam em sua mão esquer<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong><br />

vez, faz uma inscrição no solo ou numa bandeja polvilha<strong>da</strong> com areia. São assim<br />

formados os quadros (há 256 possíveis), dos quais os 16 mais importantes são<br />

os du, que constituem os “fios” ou as palavras dos deuses governados por Fa, o<br />

destino. Todos devem cultuar o seu du mas, ao mesmo tempo, ter em conta os de<br />

seus parentes e ancestrais, os de sua região, e assim por diante. Como existe uma<br />

quanti<strong>da</strong>de enorme de arranjos, os du são combinados num tipo de estratégia<br />

mitológica que é também uma técnica grafológica. Pratica -se a adivinhação do<br />

Fa em to<strong>da</strong> a costa do Benin.<br />

A coleta dos sistemas ideográficos 47 foi abun<strong>da</strong>nte, principalmente nos países<br />

de savana que mantiveram suas tradições e não foram muito afetados pela<br />

islamização. Não é por acaso que isso ocorre. Os especialistas, dentre os quais F.<br />

W. Migeod foi um dos primeiros a revelarem alguns desses sistemas. A escrita<br />

ideográfica dogon foi apresenta<strong>da</strong> por M. Griaule e G. Dieterlen, responsáveis<br />

pela análise do sistema bambara e por uma boa síntese <strong>da</strong>s grafias <strong>da</strong> região.<br />

A ideografia nsibidi, usa<strong>da</strong> entre os Ibo do sul <strong>da</strong> Nigéria, foi descoberta pelos<br />

europeus no fim do século passado. Baseia -se em princípios de transcrição<br />

largamente difundidos em to<strong>da</strong> a costa <strong>da</strong> Guiné.<br />

As escritas fonéticas 48 sistematizam o uso de fonogramas representando<br />

sons simples ou complexos através de signos regulares; em nossa opinião, o<br />

47 Cf. BOUAH, Niangoran. “Recherches sur les poids à peser l’or chez les Akan”. Tese de doutoramento<br />

PhD defendi<strong>da</strong> em 1972.<br />

48 D. A. DALBY propõe, a esse respeito, uma atualização interessante em Language and History in Africa,<br />

Londres, 1970.<br />

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