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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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810 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

próxima à familiar. As diferenças entre os dois grupos são também perceptíveis<br />

nas técnicas utiliza<strong>da</strong>s por um e outro: os artesãos do norte dispõem de um<br />

método mais refinado para o trabalho em pedra e passam a fabricar vasos de<br />

pedra, <strong>da</strong>ndo início a uma técnica que se tornará uma <strong>da</strong>s mais características do<br />

Egito faraônico arcaico. Quanto à cerâmica, em compensação, se o norte conhece<br />

maior varie<strong>da</strong>de de formas, o sul possui melhor técnica de fabricação. É nessa<br />

época, de fato, que aparece, ao lado <strong>da</strong> cerâmica preta com decoração branca, a<br />

notável cerâmica vermelha com bordos pretos que será igualmente transmiti<strong>da</strong><br />

ao Egito pré -dinástico e arcaico, transformando -se numa <strong>da</strong>s indústrias mais<br />

peculiares do vale do Nilo, tanto no Sudão como no Egito.<br />

Assim, desde o Neolítico delineia -se a separação entre dois grupos culturais<br />

e talvez entre dois sistemas sociais. Um situa -se ao redor <strong>da</strong> região de Mênfis,<br />

Faium e extremi<strong>da</strong>de noroeste do Delta; o outro, no Médio e no Alto Egito,<br />

entre Assiut e Tebas 21 . Essa diferença cultural, embora não exclua pontos de<br />

contato entre os grupos, vai -se tornando mais níti<strong>da</strong> nos últimos séculos do<br />

quarto milênio, antes <strong>da</strong> fusão, quando se constituíram numa única civilização<br />

com características comuns. Esse fato ocorreu pouco antes do advento <strong>da</strong><br />

monarquia unifica<strong>da</strong> no vale egípcio do Nilo, por volta de -3000 22 .<br />

O <strong>Pré</strong>‑Dinástico<br />

É frequente qualificar -se o <strong>Pré</strong> -Dinástico egípcio de Eneolítico ou Calcolítico,<br />

como se o aparecimento do metal representasse um acontecimento capital,<br />

um momento decisivo no desenvolvimento do vale. Devemos salientar que,<br />

na ver<strong>da</strong>de, não há nenhuma ruptura entre o Neolítico e o Eneolítico no vale<br />

inferior do Nilo. Pelo contrário, a continui<strong>da</strong>de do desenvolvimento é evidente;<br />

esta a razão pela qual preferimos manter o termo <strong>Pré</strong> ‑Dinástico para qualificar<br />

esses séculos obscuros, mas de importância primordial para a <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong>.<br />

O advento do metal no Egito é lento e não parece ter sido obra de povos<br />

invasores. Contrariamente ao que ocorre em outras civilizações, o cobre aparece<br />

antes do ouro 23 , embora este último seja mais facilmente encontrado em estado<br />

natural, em jazi<strong>da</strong>s localiza<strong>da</strong>s nas proximi<strong>da</strong>des do vale. Os primeiros objetos<br />

de cobre, de pequenas dimensões, aparecem, no grupo do sul, no sítio de Ba<strong>da</strong>ri<br />

21 Convém observar que o grupo do norte não se expande até o mar; é tão “continental” quanto o grupo<br />

do sul, cf. J. -L. de CENIVAL, op. cit., Mapa A, p. 50.<br />

22 J. VERCOUTTER, 1967, p. 250 -53.<br />

23 Cf. A. LUCAS, 1962, p. 199 -200.

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