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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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800 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Ao S. bicolor podemos relacionar principalmente o S. dochna Snowd. <strong>da</strong> Índia, <strong>da</strong><br />

Arábia e <strong>da</strong> Birmânia, reintroduzido mais recentemente na <strong>África</strong>, assim como o<br />

S. miliforme Snowd. <strong>da</strong> Índia, introduzido recentemente no Quênia. Uma outra<br />

varie<strong>da</strong>de de sorgo cultivado, S. nervosum Bess., parece estar relacionado ao S.<br />

aethiopicum e ao S. bicolor; é possível que sorgos <strong>da</strong> Birmânia e <strong>da</strong> China, entre<br />

outros, estejam relacionados a essa varie<strong>da</strong>de.<br />

Sem entrar nos detalhes necessariamente complexos desse “coquetel”<br />

genético, devemos salientar que existem indícios de antigos contatos entre<br />

sorgos africanos e asiáticos. Tudo leva a crer que houve relações muito antigas<br />

entre a <strong>África</strong> oriental e a Ásia, bem como intercâmbio de vegetais, fato que<br />

parece confirmado pela existência, em épocas pré -coloniais, de alguns cultígenos<br />

(ver acima) originários do sudeste asiático tropical.<br />

Não se pode excluir a possibili<strong>da</strong>de anteriormente menciona<strong>da</strong> de que a<br />

penetração <strong>da</strong> agricultura na floresta africana foi facilita<strong>da</strong> pela chega<strong>da</strong> de<br />

cultígenos (bananeiras, taro, etc.), originárias do ecossistema generalizado que é a<br />

floresta tropical úmi<strong>da</strong> do sudeste <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong>s Índias Orientais. Desta última<br />

região, aliás, vieram os primeiros grupos migrantes que, com algumas de suas<br />

plantas cultiva<strong>da</strong>s, atingiram Ma<strong>da</strong>gáscar e a costa oriental <strong>da</strong> <strong>África</strong>.<br />

Se, em épocas passa<strong>da</strong>s, houve um intercâmbio de plantas cultiva<strong>da</strong>s entre a<br />

<strong>África</strong> e a Ásia, parece claro, no entanto, que a <strong>África</strong> deve muito à Ásia no que diz<br />

respeito aos animais domésticos. Certas espécies de suínos <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental parecem<br />

relacionados aos suínos domesticados na Ásia. Como observa C. Wrigley 31 : “É quase<br />

certo que a criação de animais não se desenvolveu independentemente na <strong>África</strong> ao<br />

sul do Saara, onde a fauna não inclui e não incluía nenhum possível ancestral dos<br />

bovinos, caprinos e ovinos domésticos.” Essas espécies vieram do Egito através do<br />

vale do Nilo. Entretanto, deve -se notar que há uma boa possibili<strong>da</strong>de de que certos<br />

animais tenham sido domesticados na parte africana do domínio paleomediterrâneo<br />

(ver acima), sobretudo os bovinos no Egito, onde os homens do pré -neolítico caçavam<br />

as espécies Bos primigenius e B. brachyceros.<br />

O esboço que apresentamos mostra o quanto a <strong>África</strong> está longe de ser esse<br />

continente que – segundo a ideia por muito tempo propala<strong>da</strong> – recebeu o essencial<br />

de seu desenvolvimento agrícola e pastoril de outras regiões do mundo. É evidente<br />

que, assim como a Europa e a Ásia, a <strong>África</strong> dos tempos antigos não era refratária às<br />

influências exteriores. Também é ver<strong>da</strong>de que o norte do continente africano pertence,<br />

como a Europa e a Ásia, a um domínio mediterrâneo que, no passado, apresentou uma<br />

31 WRIGLEY, C. 1970.

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