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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>História</strong> e linguística<br />

A onomástica está intimamente relaciona<strong>da</strong> ao léxico <strong>da</strong>s línguas. As<br />

comuni<strong>da</strong>des étnicas que se têm mantido relativamente homogêneas por um<br />

período de tempo, assim como os grupos etnolinguísticos mais heterogêneos mas<br />

que falam um idioma comum, criam seus nomes principalmente em referência<br />

às reali<strong>da</strong>des de suas línguas. Eles povoam o universo territorial e geográfico<br />

que lhes serviu ou serve de habitat com nomes que constroem nas mesmas<br />

perspectivas. Assim, seguindo a pista dos nomes de pessoas, identificam -se ao<br />

mesmo tempo os elementos étnicos que constituem uma comuni<strong>da</strong>de. Em geral,<br />

os Seereer são chamados Jonn, Juuf, Seen, etc.; os Peul, Sow, Jallo, Ba, Ka, etc.;<br />

os Mandinga, Keita, Touré, Jara, etc. Os Berberes e os Bantu têm famílias de<br />

nomes que lhes são próprios.<br />

A antroponímia desempenha um papel importante no estudo <strong>da</strong> história<br />

<strong>da</strong>s etnias e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des políticas ou culturais. O estudo dos nomes em<br />

uso entre os Tuculero do Senegal mostra, por exemplo, que estamos diante de<br />

uma comuni<strong>da</strong>de etnolinguística bastante heterogênea. Entretanto, do ponto<br />

de vista cultural, esse grupo de fala fulfulde que se fixou no Senegal, ao longo<br />

do rio, na fronteira entre o Mali e a Mauritânia, é muito homogêneo. Daí um<br />

sentimento “nacional” bem desenvolvido. De fato, a comuni<strong>da</strong>de forjou -se a<br />

partir de elementos peul (cuja língua se impôs), mandinga, seereer, lebu -wolof<br />

e berberes.<br />

A toponímia e a hidronímia constituem também ciências indispensáveis ao<br />

estudo <strong>da</strong>s migrações dos povos. A partir dos nomes de ci<strong>da</strong>des desapareci<strong>da</strong>s ou<br />

que ain<strong>da</strong> existem, podem -se elaborar mapas precisos mostrando os movimentos<br />

dos Mandinga, cujas ci<strong>da</strong>des têm nomes que foram compostos a partir de Dugu.<br />

Da mesma maneira, pode -se estabelecer o mapa toponímico dos habitat antigos<br />

ou atuais dos Peul, que usam o termo Saare para nomear seus povoados, dos<br />

Wolof, que usam o termo Kër, dos árabe -berberes, que utilizam o termo Daaru,<br />

dos Haussa, e assim por diante.<br />

Antropologia semântica<br />

A antropologia semântica ou etnolinguística constitui uma nova abor<strong>da</strong>gem<br />

que tenta revelar a cultura do homem através de sua língua. Baseia -se numa<br />

análise global do conjunto de <strong>da</strong>dos fornecidos pela língua de uma etnia ou<br />

de uma comuni<strong>da</strong>de heterogênea que tem um falar comum, para evidenciar ao<br />

mesmo tempo sua cultura, seu pensamento e sua história.<br />

O método vai além <strong>da</strong> mera coleta de tradições e literaturas escritas ou orais.<br />

Implica o recurso a uma reconstrução <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ideias que uma língua<br />

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