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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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As fontes escritas anteriores ao século XV<br />

A <strong>África</strong> saariana e ocidental<br />

A rigor, não dispomos de nenhum documento digno de confiança sobre a<br />

<strong>África</strong> negra ocidental. Admitindo com Mauny 24 que os antigos cartagineses,<br />

gregos, romanos não ultrapassaram o cabo Juby e a latitude <strong>da</strong>s ilhas Canárias,<br />

o que é mais que provável, somos levados a concluir que as informações<br />

transmiti<strong>da</strong>s por suas obras referem -se ao extremo sul marroquino. Certamente<br />

alcançam a fronteira do mundo negro, mas não o penetram.<br />

O Périplo de Hanão é falso, se não inteiramente, ao menos em grande<br />

parte 25 . É um documento composto, em que se misturam <strong>da</strong>dos tomados<br />

de empréstimo de Heródoto, Políbio, Possidônio e do Pseudo -Sila, e que<br />

deve <strong>da</strong>tar do século I. As obras desses autores são mais dignas de crédito.<br />

Heródoto fala -nos sobre o comércio mudo que os cartagineses praticavam<br />

no sul do Marrocos. O continuador do Pseudo ‑Sila (século -IV) nos dá, por<br />

sua vez, informações preciosas sobre as relações entre cartagineses e líbico-<br />

-berberes. Mas é novamente Políbio que se revela a fonte mais confiável. Os<br />

fragmentos de seu texto, interpolados em Plínio, o Velho, oferecem -nos os<br />

primeiros topônimos identificáveis <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong>de; mas, também nesse caso,<br />

sua informação interrompe -se no cabo Juby. Seria necessário completá -la, no<br />

que se refere ao arquipélago <strong>da</strong>s Canárias, com as notas de Juba II recolhi<strong>da</strong>s<br />

por Plínio, Estrabão, Diodoro <strong>da</strong> Sicília. Os outros histpriadores -geógrafos do<br />

século I antes e depois <strong>da</strong> Era Cristã apenas compilaram os autores anteriores,<br />

salvo alguns detalhes. Finalmente, no século lI, Ptolomeu, retomando todos seus<br />

predecessores, baseando -se principalmente em Posidônio e Marino de Tiro,<br />

consigna em sua Geografia a evolução máxima dos conhecimentos relativos<br />

aos contornos <strong>da</strong> <strong>África</strong> na Antigui<strong>da</strong>de 26 . O mapa <strong>da</strong> “Líbia Interior”, do<br />

geógrafo alexandrino, tornou acessíveis as informações recolhi<strong>da</strong>s pelo exército<br />

romano, na ocasião de suas expedições punitivas além do limes até o Fezzan: a<br />

de Balbo em -19, a de Flaco em +70, a de Materno em +86 (que penetrou mais<br />

profun<strong>da</strong>mente no deserto líbio) 27 . Nomes de povos e regiões sobreviveram à<br />

Antigui<strong>da</strong>de: Mauritânia, Líbia, Garamantes, Getulos, Númi<strong>da</strong>s, Hespérides e<br />

até mesmo Níger, empregado por Ptolomeu, e retomado por Leão, o Africano, e<br />

depois pelos europeus modernos. Essa é uma <strong>da</strong>s contribuições de nossos textos<br />

24 MAUNY, R. 1970, p. 87 -111.<br />

25 Id., p. 98; TAUXIER, L. 1882, p. 15 -37; GERMAIN, G. 1957, p. 205 -48.<br />

26 KAMEL, Y. Monumenta, op. cit., t. II, Fasc. I, p. 116 e segs.; MAUNY, R. “L’Ouest africain chez<br />

Ptolémée”, nas Actes de la IIe Conférence Internationale des Africanistes de l’Ouest. Bissau, 1947.<br />

27 MARINO DE TIRO, uma <strong>da</strong>s fontes de PTOLOMEU, divulgou -o; cf. KAMEL, Y. t. I, 1926, p. 73.<br />

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